Sintomas e cuidados
A Síndrome da Cabana não é um transtorno psiquiátrico, mas um estado emocional transitório que desaparece após o retorno gradual às atividades. Os sintomas se assemelham a um quadro de ansiedade ou depressão, com inquietação, medo e desconfiança das pessoas, fadiga, tristeza e angústia na hora de sair de casa.
Também conhecido como Síndrome do Caracol, o problema se caracteriza pela ansiedade em relação à vida social. “A prevalência tem sido maior em pessoas que antes do confinamento já passavam por um episódio depressivo ou sofriam com crises de ansiedade”, explica a professora do UniCuritiba.
Passo a passo
Daniela Jungles recomenda que a retomada às atividades presenciais seja gradativa. “O mais importante é não se comparar com os outros. Dê um passo de cada vez, fazendo o que é cômodo para você e evite enfrentar todas as fontes de estresse do mundo exterior de uma só vez.”
Embora o desejo de voltar à normalidade parecesse unanimidade, o medo de sair do “mundo protegido”, distante da visão e dos julgamentos dos outros, é até comum. “Todos nós já sonhamos viver em uma cabana, muitas vezes no sentido literal, mas acima de tudo no sentido figurado: em um lugar isolado e agradável, longe do mundo, das obrigações e dos constrangimentos, onde ficaríamos bem e seguros. Um lugar em harmonia com a natureza e seguindo nosso próprio ritmo. Isso realmente nos faz sonhar”, comenta.
A questão, continua a especialista, é que depois de um tempo de solidão vem o tédio. “Pensamos apenas na parte fantasiosa e desejável de viver isolados em uma cabana, sem perceber que perdemos habilidades sociais muito rapidamente. Depois de se trancar, é difícil sair, não necessariamente porque você quer ficar lá, mas porque há dificuldades ao viver em sociedade.”
Casulo protetor
No contexto da pandemia, sair da “vida normal” para o isolamento em casa foi uma mudança radical. Aceitar o isolamento, diz a professora do UniCuritiba, foi uma forma de se proteger e participar do esforço coletivo de luta contra a Covid-19.
“Nossa casa era uma arma de defesa, um casulo protetor, uma ‘cabana’. Voltar ao convívio presencial explicita vários medos, como o da contaminação, de adoecer, do olhar dos outros, da multidão, de retornar a um cotidiano estressante. Depois de tanto tempo em confinamento, muitos terão de reaprender a se adaptar a um novo modo de vida, ao qual nem estávamos mais acostumados”, avalia.
A dica é respeitar o tempo necessário para os ajustes à nova realidade e, se os sintomas persistirem, procurar um profissional de saúde mental para evitar que a Síndrome da Cabana se instale de forma prolongada ou se transforme em um Transtorno Mental Ansioso ou Depressivo.
*com divulgação
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