10º BRAZIL WINE CHALLENGE Mais 10 dias para inscrição

ABE celebra as 627 amostras e intensifica esforços para ampliar número de países

A Associação Brasileira de Enologia (ABE) estendeu o prazo para inscrição de vinhos, espumantes e destilados no 10º Brazil Wine Challenge até o dia 25 de agosto. A decisão é decorrente do Coronavírus e dos protocolos dos países que enfrentam dificuldades para o envio das amostras. A entidade comemora as 627 inscrições, que já supera as 611 da edição de 2018, porém busca ampliar o número de países. Hoje são 13 procedências (Alemanha, Argentina, Áustria, Bolívia, Brasil, Chile, Espanha, França, Itália, Marrocos, Portugal, Romênia e Uruguai). As inscrições devem ser feitas pelo site www.brazilwinechallenge.com.br, onde também está disponível o regulamento completo.

A grande novidade até o momento, além da superação das amostras em relação a edição anterior, é a estreia de Marrocos e Romênia no concurso, mostrando que a volta ao mundo pelos vinhos traz novas descobertas. “Mesmo com uma pandemia global, estamos comemorando as inscrições conquistadas, mas ainda esperamos ter a participação de mais países. Estendemos o prazo, pois diante do momento vivido foi preciso definir uma nova data do concurso e isso atrasou a definição por parte das empresas”, destaca o presidente da ABE, enólogo Daniel Salvador. Cabe destacar, que as amostras precisam estar na entidade até o dia 15 de setembro.

O concurso, único do Brasil com chancela da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV) e da União Internacional de Enólogos (UIOE), acontecerá de 13 a 16 de outubro, no Centro Empresarial de Bento Gonçalves, seguindo todos os protocolos de segurança e regras de distanciamento social estabelecidos pelos órgãos competentes.

A cada três amostras inscritas, a quarta é gratuita. Para cada vinho inscrito é necessário enviar quatro garrafas rotuladas, laudo analítico assinado e cópia da Ficha de Inscrição online. Mais informações podem ser obtidas pelos e-mails enologia@terra.com.br e info@brazilwinechallenge.com.br. As degustações, que acontecerão de 13 a 15 de outubro. O evento integra a programação paralela da Fenavinho 2020, numa parceria firmada com o Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG).

Fotos: Jeferson Soldi

Um presente dos céus, uma surpresa da terra

Embora 15% menor, a colheita 2020 foi superior em qualidade, mesmo em tempos de pandemia

O enólogo Marcelo Papa, diretor técnico da Vinícola Concha Y Toro e responsável pelos vinhos Marques de Casa Concha, agradece à natureza e comenta que a colheita em 2020 foi um presente dos céus na elaboração dos vinhos da Concha Y Toro. Graças ao atípico clima quente e seco que marcou a safra, adiantando a maturação das uvas, o avanço do Covid -19 chegou em um momento em que a colheita já havia sido realizada, embora, normalmente a safra não termine antes de maio. No dia 31 de março, por exemplo, a vinícola já tinha cerca de 70% das uvas colhidas. Em um ano normal, tem-se cerca de 30% das uvas colhidas nos vinhedos. Em Limarí (ao norte de Santiago), a colheita aconteceu em datas próximas à de 2019. As variedades mais importantes foram colhidas por volta dos dias 15 a 20 de fevereiro, antes da chegada do coronavírus ao Chile. Entre os desafios, as viagens reduzidas e medidas para reduzir o contato entre as equipes.

Já no que tange à maturidade fenólica, esta foi bem avançada e bastante alinhada com a maturidade alcoólica. “Estamos muito felizes com a qualidade alcançada e podemos dizer que esta colheita será melhor que a de 2019, principalmente em Limarí e Maipo.“O mais difícil de tudo foi o cuidado e a preocupação com as pessoas e saber tomar as decisões certas para proteger a saúde de todos. Não tenho dúvidas de que, com tudo isso, tiraremos muitas lições, técnicas e humanas”, diz Marcelo Papa. A empresa tomou todas as precauções para proteger funcionários e a continuidade das operações.Além dos cuidados nas vinícolas, foram realizadas medidas de higienização preventivas nas instalações, fornecimento de equipamentos de proteção e recursos para os trabalhadores, salvaguardas especiais para grupos de risco, planos de trabalho online e flexibilidade de mão-de-obra. E todos mantiveram-se muito atentos às indicações do governo e da Organização Mundial da Saúde. Devido ao fato de a maioria das vinícolas da Cocha Y Toro estar longe das grandes cidades, o risco de contaminação foi menor, já que o vírus se propaga mais nitidamemte nos grandes centros urbanos.

Sobre as regiões e vinhedos que se destacaram, o enólogo destaca o norte , especificamente o vale de Limarí, onde o clima mostrou-se muito semelhante à safra 2018, em termos de radiação solar, luminosidade e temperatura, ano aliás, com características notáveis. Limarí, portanto, se destacou produzindo ótimos Chardonnay e Pinot Noir. Na zona central, vale do Maipo, berço dos Cabernet Sauvignon, notou-se também um desenvolvimento precoce das vinhas. Em geral, a colheita alí é concluída em meados de maio, mas este ano foi quase um mês antes. No vale do Rapel, as Carmenere também apontaram colheita antecipada, com o clima igualmente mais quente. No Maule, mais próximo à Cordilheira dos Andes, e mais afastado do mar, não chegou-se a ter uma temperatura tão quente quanto à colheita de 2017, repetindo-se ali também a antecipação de 3 semanas, em comparação aos outros anos.

Sobre Marcelo Papa e os vinhos Marques de Casa Concha

Super premiado, e diretor técnico da Concha Y Toro, Marcelo Papa está à frente dos vinhos Marques de Casa Concha há mais de dez anos. Foi enólogo do ano em 2004 pelo Guide to Chilean Wine, e em 2007, pela Chilean Circle of Wine Writers e Chilean Food and Wine Association. Em 2019 conquistou novamente a posição de melhor enólogo do ano pelo Chile Special Report do Tim Atkin.

Desde sua criação, Marques de Casa Concha tem sido amplamente reconhecido pela imprensa internacional e conquistado menções por 5 vezes na lista dos 100 melhores vinhos do mundo pela Wine Spectator. São vinhos fiéis à expressão de origem e variedade, e que representam a diversidade de terroirs do Chile. Experimentar novas técnicas de vinificação e manter o espírito inovador da marca, somando-se à habilidade de dar aos vinhos personalidade e sentido de origem, é o que move o enóogo Marcelo Papa a criar rótulos excepcionais, e o que faz dele um dos profissionais mais reconhecidos e respeitados do Chile.

Marques de Casa Concha Chardonnay

O Marques de Casa Concha Chardonnay é produzido no Vinhedo Quebrada Seca, em Limarí, Chile, a somente 22 quilômetros do oceano Pacífico, na margem norte do rio Limarí. Os solos são argilosos e ricos em carbonato de cálcio; as temperaturas são frias e as manhãs nebulosas, o que permite que a fruta amadureça lentamente e sejam obtidos, por fim, vinhos mais frescos. Com potencial de guarda até 2023 o vinho tem coloração amarelo claro. É um vinho complexo, elegante e vibrante, que proporciona sabores de pera branca com notas minerais e notas de avelãs torradas. Profundamente concentrado, com uma textura sedosa e camadas de pera e figo maduro, além de sabores minerais, final longo e vibrante. Harmoniza bem com Mariscos e peixes em molhos com manteiga, queijo ou creme; carnes brancas como coelho, peru, porco ou aves de caça; pratos leves à base de legumes ou grãos; curries suaves à base de leite de coco; ravioli, lasanha e polenta com molhos brancos.

Orgulho nacional na taça

De viticultores a vinicultores, família fez da empresa a maior produtora de vinhos nobres do país com 1.000 hectares de vinhedos próprios em quatro diferentes terroirs, do Sul ao Nordeste do Brasil, além de ser presença em mais de 30 países e conquistar quase 600 premiações em concursos internacionais

A Miolo fez em 30 anos o que marcas mundiais de vinho levaram séculos para construir. De fornecedora de uvas, a família mudou o rumo da história quando decidiu fazer vinho com marca própria, apostando no Vale dos Vinhedos, que logo se tornaria a única região com Denominação de Origem de Vinhos do Brasil. O trabalho de sol a sol no vinhedo, o pioneirismo de estudar no exterior, a coragem e ousadia de empreender e o sonho que o imigrante Giuseppe Miolo trouxe da Itália em 1897 e que passou de geração em geração, transformaram a marca em sinônimo de qualidade, reconhecida mundialmente como especialista na elaboração de vinhos nobres.

Com uma produção de 10 milhões de garrafas ao ano, a empresa é dona do maior portfólio de vinhos finos brasileiros – hoje são 120 rótulos -, que harmonizam diversidade e qualidade. São vinhos e espumantes para todos os estilos e bolsos. Acessíveis e com uma distribuição que abraça todo território nacional, os produtos podem ser encontrados em delicatessens, casas especializadas, empórios, restaurantes, hotéis e supermercados, além da própria loja virtual e física da marca.

A Miolo é a única vinícola brasileira que cultiva uvas e elabora vinhos em quatro diferentes regiões do país (Miolo - Vale dos Vinhedos - RS, Seival - Campanha Meridional - RS, Terranova - Vale do São Francisco – BA e Almadén - Campanha Central – RS). “Foi preciso conhecer e compreender cada terroir, colocando em prática toda expertise de nossa equipe multidisciplinar. Montamos uma dinâmica de trabalho e uma capacidade de produção que prima pelo detalhe, respeitando cada particularidade. Assim, nos tornamos especialistas em vinhos nobres, vou seja, de guarda (longevos), com teor alcoólico entre 14,1% a 16%, destaca o diretor superintendente Adriano Miolo.

Ao fazer o mundo degustar seus produtos, a vinícola ampliou as fronteiras do vinho brasileiro, tornando-o conhecido e respeitado no mundo todo. Rótulos como o Lote 43, Merlot Terroir, Sesmarias, Testardi e Vinhas Velhas, por exemplo, tornaram-se grandes ícones da vitivinicultura nacional, abrindo as portas do mercado externo e mostrando o que cada região, até mesmo o Nordeste Brasileiro, pode fazer. Atualmente, a Miolo está na mesa de consumidores de 32 países, sendo a vinícola brasileira com maior presença em todos os continentes, tendo lojas próprias até na China. O resultado veio em dose dupla com o reconhecimento do brasileiro que, além de aprovar a qualidade dos rótulos, também passou a defender o produto nacional.

Para se chegar até aqui, muito trabalho e estudo foram necessários. Depois do curso Técnico em Viticultura e Enologia, Adriano Miolo foi para Mendoza, na Argentina, sendo um dos primeiros brasileiros a buscar formação superior num país tradicional no mundo do vinho, além de acumular em sua bagagem técnica o título de Master em Wine Marketing pela Universidade Paris X. Hoje, são 23 enólogos, que atuam do vinhedo à cantina, do varejo ao marketing, da degustação à área comercial. Um time, que assim como o vinho, evolui com o tempo, numa alquimia perfeita entre a natureza, o conhecimento, a tecnologia e a sensibilidade. Nesses 31 anos, a vinícola saltou de 30 para 1.000 hectares de vinhedos próprios.

O primeiro vinho, o Miolo Reserva Merlot Safra 1990, lançado em 1992, foi o prenúncio de um futuro regado ao nascimento de novos e consagrados rótulos. Num ritmo acelerado de modernização, o mundo passou a apreciar os vinhos Miolo. “Trabalhamos cada dia, safra por safra, movidos pelo sonho de ver o brasileiro reconhecer o nosso vinho. Porque aqui é a nossa terra, a nossa casa. E é aqui que queremos compartilhar o que está em nosso DNA, o que sabemos fazer de melhor. Giuseppe Miolo adotou esta terra como sua. Nosso desejo é ver o brasileiro chamar o vinho feito aqui de seu”, ressalta o enólogo.

A transformação invadiu todas as áreas da empresa, desde o início da reconversão dos vinhedos do sistema latada para o de espaldeira, quanto a importação de mudas certificadas e a modernização dentro e fora da cantina. A qualidade, do início ao fim do processo, abriu as portas do mundo para a Miolo, que carregou consigo a marca dos vinhos brasileiros até então desconhecidos. São quase 600 prêmios internacionais para produtos que atendem todos os estilos, partindo de R$ 25.

Nesses 31 anos, a Miolo ampliou sua família e hoje gera emprego e renda para 420 funcionários, beneficiando mais de 1,5 mil pessoas.

Miolo hoje
· Tradição em produção de uvas desde 1897 e na elaboração de vinhos finos desde 1989.
· Única vinícola brasileira com quatro unidades produtivas nas principais regiões do país:
Vinícola Miolo – 100 ha (Vale dos Vinhedos - RS)
Vinícola Seival – 200 ha (Campanha Meridional - RS)
Vinícola Terranova – 200 ha (Vale do São Francisco – BA)
Vinícola Almadén – 450 ha (Campanha Central – RS)

· Vinícola brasileira com maior presença no mercado externo – 32 países.
· Vinícola com o maior número de rótulos de vinhos finos brasileiros – hoje 120.
· 10 milhões de litros de produção anual de vinhos finos e espumantes.
· Maior produtora de vinhos finos e nobres brasileiros.
· Premiações nacionais e internacionais: 518
· Geração de empregos diretos: 420
· Empregos temporários durante a colheita: mais de 400

Imagens: Divulgação Miolo
Unidade Miolo no Vale dos Vinhedos
Os Sete Lendários da Safra 2018
Miolo Wild Gamay 2020, o primeiro vinho da Safra 2020

Para enólogos, 2020 é a safra das safras

Qualidade surpreende profissionais em todas regiões do Brasil

“Estamos diante da safra das safras”. Emocionado com o que viu nesta colheita da uva, o presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE), Daniel Salvador, comemora o resultado de um ano de trabalho junto ao vinhedo. Segundo ele, o comportamento climático e as condições técnicas atuais foram determinantes para considerar esta safra a melhor de todos os tempos. A avaliação chega de todas as partes, a partir da troca de informações entre enólogos que atuam nas mais diversas regiões produtoras do Brasil.

“Esta vindima foi bela, uma escultura, um monumento que a natureza nos deu. Deste momento em diante é conosco”, declara o presidente. “Estamos tendo a oportunidade de colocar em prática tudo o que aprendemos na escola e com a experiência adquirida. É um misto de alegria e satisfação que emociona. Não se faz um vinho sozinho. E este ano, a mãe natureza fez a sua parte de forma esplêndida. Agora, nós, enólogos, precisamos ter a sensibilidade e o conhecimento suficientes para gerar o melhor vinho com equilíbrio, sintonia”, destaca.

O presidente chama a atenção para a possibilidade de conhecer um patamar de vinhos que serão descobertos em breve. Nunca o Brasil, tanto vinícolas, quanto enólogos, esteve tão preparado tecnicamente, com profundo conhecimento, precisão na Viticultura e Enologia, para receber e processar uma matéria prima de tamanha qualidade. “Os primeiros resultados são surpreendentes. Esta safra veio para coroar todo esforço empenhado em anos de trabalho e pesquisa. Não há cidade, região ou estado, que ousa falar mal desta safra. Os elogios vêm de todas as partes, de todos com quem conversei”, complementa.

Todo vinho tem uma longa caminhada. E com esta performance, certamente novos vinhos surgirão, com novas propostas, novos estilos, novas descobertas. “Chega a ser cinematográfico. Peguei um cacho de Merlot na mão e me emocionei. Só pensei em dizer Obrigado à mãe natureza. Me senti forte, realizado e inspirado para transformar esta uva no melhor vinho que já fiz na vida”, conclui.

Imagens: Divulgação ABE