Álbum reúne todos os 17 quartetos de cordas de um dos mais importantes compositores do país; as peças são interpretadas pelos quartetos Bessler-Reis e Amazônia
O Selo Sesc lança em maio o box de seis CDs Villa-Lobos – Quartetos de Cordas, com 17 peças na íntegra do compositor e maestro brasileiro, interpretadas pelos quartetos de cordas Bessler-Reis e Amazônia. O álbum estará à venda a partir da primeira quinzena de maio nas unidades do Sesc e pelo site www.sescsp.org.br/livraria e custará R$ 100,00.
De 1915 a 1957, Villa-Lobos compôs 17 quartetos, todos eles reunidos nesta caixa. Uma curiosidade é que entre o Quarteto n° 4 (1917) e o Quarteto n° 5 (1931) há um hiato que remonta à Semana de Arte Moderna de 1922 (em que o compositor teve importante atuação), o reconhecimento de Villa-Lobos na Europa e seu envolvimento com o projeto nacionalista de Getúlio Vargas. A segunda fase dos quartetos (pós-hiato) ocorre paralela às Bachianas, celebradíssima obra do compositor, aproximando o barroco do Johann Sebastian Bach da música brasileira.
Dois violinos, uma viola e um violoncelo. Esta formação, consagrada por Joseph Haydn, considerado o “pai do quarteto de cordas”, notabilizou o desenvolvimento da música para quatro movimentos (um rápido e um lento), um minueto e trio, e um final rápido. Mozart e Beethoven fizeram composições próprias com a fórmula que ganhou ainda mais prestígio. Heitor Villa-Lobos fez a mesma coisa com suas versões e séries de quartetos que estão neste box.
Os Quartetos Amazônia e Bessler-Reis são formados por consagrados músicos. O Bessler-Reis é composto por Bernardo Bessler (primeiro violino), Michel Bessler (segundo violino), Marie-Christine Springuel (viola), e Alceu Reis (violoncelo); O Amazônia é formado por Cláudio Cruz (primeiro violino), Igor Sarudiansky (segundo violino), Horário Schaefer (viola), e Alceu Reis (violoncelo).
O livreto presente no box traz um texto do compositor Paulo de Tarso Salles sobre as características de cada uma das peças. “O juízo crítico construído a respeito de Villa-Lobos o define como um compositor avesso a convenções de qualquer espécie, desinteressado em formalidades de qualquer assunto que não diga respeito à cultura e à natureza brasileiras”, afirma. “Logo, seus quartetos de cordas parecem propor uma espécie de desafio: o que teria levado Villa-Lobos a compor uma das maiores séries de quartetos de cordas em todo o século 20?”, questiona.
Para Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc São Paulo, “inquieto, ousado e controverso, Heitor Villa-Lobos marcou o pensamento musical de sua época e das gerações seguintes com narrativas que trouxeram o colorido de muitos ‘brasis´. Em 17 peças, distribuídas em setenta movimentos, o Quarteto Bessler-Reis e o Quarteto Amazônia trazem um pouco do imaginário estético-musical do compositor, revelando as diversas camadas de sentidos advindas de sua colorida e intensa trama sonora”.
Villa-Lobos
Heitor Villa-Lobos (1887 – 1959) foi compositor, maestro e educador brasileiro, nascido no Rio de Janeiro, e um dos mais importantes músicos de sua época em todo o mundo. Criou as nove Bachianas brasileiras, série que demonstrou a semelhança de modulações e contracantos do folclore musical brasileiro com a música de Bach.
Convidado por Ronald Carvalho e Graça Aranha, participou da Semana de Arte Moderna de 1922, ficando mais conhecido do público paulista, que torceu o nariz para suas composições. Depois, foi a Paris e ficou um ano sem grandes sobressaltos, a não ser pelo contato com a música de Igor Stravinsky. Este evento, somado à proximidade com os intelectuais da Semana de 22, brotou em Villa-Lobos a necessidade de criar música brasileira de fato.
De volta ao Brasil, encontrou São Paulo numa época complexa: 1929 e a campanha de Júlio Prestes, para o qual Villa-Lobos compôs um hino que, mais tarde, com pequenas alterações na letra, transformou-se em um hino da vitória de Getúlio Vargas. A ligação com Vargas resultou em sua nomeação como diretor da Superintendência Musical e Artística do Rio de Janeiro – cargo ocupado até 1943 – e alguns desentendimentos com o outrora admirador, Mário de Andrade.
Selo Sesc
O Selo Sesc tem o objetivo de registrar o que de melhor é produzido na área cultural. Constrói um acervo artístico pontuado por obras de variados estilos, da música ao teatro e cinema. Este ano já lançou os discos “Com Alma” (Banda Mantiqueira), Ensemble Música Nova” (Gilberto Mendes), “Guarnieri e Nepomuceno” (Orquestra Filarmônica de Minas Gerais e Cristina Ortiz), “Saudade Maravilhosa” (Mario Adnet) e o DVD “Alcance dos Sentidos” (Ivaldo Bertazzo).
Alguns dos CDs lançados em 2016 foram “A Saga da Travessia” (Letieres Leite e Orkestra Rumpilezz), “Novos Mares” (Fortuna), “Curado” (Hurtmold e Paulo Santos), “Donato Elétrico” (João Donato), “Portrait” (Maury Buchala), “Lambendo a Colher” (Rolando Boldrin), “Alberto Nepomuceno” (Quarteto Carlos Gomes) e “No Voo do Urubu” (Arthur Verocai), além dos DVDs ”O Fim do Mundo, Enfim”, “O Sal da Terra – Uma Viagem com Sebastião Salgado” e “Democracia das Madeiras”.
*com divulgação
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