A luz e a sombra do Grupo Corpo para fechar o Festival de Curitiba

Referência na dança contemporânea mundial, grupo mineiro traz peças de cargas opostas para encerrar a Mostra Lucia Camargo

Por Sandro Moser – Agência de Notícias Festival de Curitiba

Sinônimo de melhor dança contemporânea brasileira desde a década de 1970, o Grupo Corpo está de volta ao Festival de Curitiba com duas coreografias em um mesmo programa, nos dias 8 às 20h30 e 9 de abril, às 19h, no Teatro Guaíra, nas duas últimas noites da Mostra Lucia Camargo.

A escolha da trupe mineira como espetáculo de encerramento do Festival faz todo sentido se pensarmos nas diferenças entre as duas peças. Primavera é uma coreografia ensolarada, suave, otimista ao passo que Breu é uma peça mais sombria, densa e sufocante. Essa oposição entre o trágico e o lírico é a própria essência do teatro.

O coreógrafo Rodrigo Pederneiras explica que Primavera foi criada na pior fase da pandemia e os movimentos da dança incorporaram as interdições daquele momento: os bailarinos quase não se tocam em cena.

Por outro lado, os figurinos têm as cores da primavera e a trilha sonora traz versões instrumentais de canções do projeto Palavra Cantada, adaptadas para estilos musicais que vão do jazz à percussão afro.

“A ideia era criar um trabalho que trouxesse esperança num tempo melhor, numa vida mais legal e fazer as pessoas saírem do teatro mais alegres e com um horizonte mais claro quando tudo estava muito nublado”, disse Pederneiras.

Como contraponto, a coreografia de Breu é uma tradução poética da violência e da barbárie que Pederneiras intuiu que podiam dominar a sociedade no futuro quando compôs a peça em 2007 com cenografia e os figurinos escuros, geométricos e cortantes.

Um dos destaques do repertório do grupo desde então, a coreografia de Breu exige um grande trabalho de chão dos bailarinos para acompanhar a trilha original de Lenine que usa samplers, efeitos e citações para criar uma peça única, de oito movimentos, que vai do hard rock à tradição de gêneros populares brasileiros.

“São trabalhos completamente diferentes. Breu fala de violência mesmo, essa vida estranha que a gente vive, muito graças ao Lenine que fez uma trilha fenomenal, que tem um peso raríssimo. Primavera é o oposto e as duas juntas formam um conjunto muito forte em que podemos mostrar as muitas possibilidades de novas de dançar e de fazer dança”, finaliza.

A Mostra Lucia Camargo no Festival de Curitiba é apresentada por Banco CNH Industrial e New Holland, Novozymes, Copel e Sanepar – Governo do Estado do Paraná, com patrocínio de EBANX, DaMagrinha 100% Integral, GRASP e ClearCorrect. Acompanhe todas as novidades e informações pelo site do Festival de Curitiba www.festivaldecuritiba.com.br, pelas redes sociais disponíveis no Facebook @fest.curitiba, pelo Instagram @festivaldecuritiba e pelo Twitter @Fest_curitiba. Ingressos disponíveis pelo site oficial e na bilheteria física no Shopping Mueller (Piso L3).

Serviço:
Grupo Corpo – Primavera e Breu
Mostra Lucia Camargo - Festival de Curitiba
Data e Horário: 8 de abril às 20h30 e 9 de abril às 19h.
Local: Teatro Guaíra (Guairão) - Rua XV de Novembro, 971 - Centro
Classificação: Livre
Duração: 80' (com intervalo de 20’)
Ingressos: www.festivaldecuritiba.com.br e no Shopping Mueller (Piso L3).
Valores: R$ 80 e R$ 40 (meia)

Hashtags oficiais – #festivaldecuritiba #festcuritiba #luciacamargo

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Chance de ver trabalho de Jô Sores pela últimavez no Festival de Curitiba

Espetáculo "Gaslight - Uma Relação Tóxica" dirigido pelo genial
humorista é seu último trabalho no Teatro

Sandro Moser - Agência de Notícias Festival de Curitiba

“O teatro é como um trapézio sem rede”. Assim Jô Soares (1938-2022) resumiu ao ator Giovani Tozi o ofício que os unia. Ambos tiveram a ideia de montar "Gaslight - Uma Relação Tóxica" assistindo ao filme “A Meia Luz”, de 1944, no cinema particular do diretor. “Comprei os direitos e Jô traduziu. Nas leituras, o Jô já foi dirigindo a peça. Veio a pandemia e a peça se tornou o elo que nos manteve ativos e próximos”, disse Tozi.

O texto original é um blockbuster da Broadway escrito por Patrick Hamilton em 1938. O título pode ser traduzido como manipulação, abuso emocional e violência psicológica.

Ano passado, o dicionário Merriam-Webster elegeu gaslighting como “palavra do ano”. “Eu não conhecia o termo, mas o Jô, aos 80 anos, estava conectado e notou que era um tema contemporâneo importante”, disse Tozi.

Despedida Gloriosa – Jô foi artista múltiplo com carreira notável na televisão, literatura e cinema, mas nunca escondeu que o teatro era sua paixão. Contracenou com Cacilda Becker, montou Shakespeare e Nélson Rodrigues e escreveu e dirigiu dezenas de peças.

Sua passagem anterior no Festival de Curitiba foi ruidosa. Em 2009, dirigiu “A Cabra ou Quem é Sylvia?”, de Edward Albee, com José Wilker e Denise Del Vecchio. A peça chocou e fez rir com a história do homem bem-sucedido cujo casamento sucumbe ao se apaixonar por uma cabra.

Quando foi levado ao hospital em agosto de 2022, Jô Soares participava ativamente dos ensaios e pesquisas de “Gaslight”. O grande artista morreu trabalhando, uma despedida gloriosa alguém da sua dimensão na arte brasileira. O espetáculo estará na Mostra Lucia Camargo, no Festival de Curitiba, nos dias 5 e 6 de abril, no Teatro Guaíra.

Para Tozi, "Gaslight - Uma Relação Tóxica" é a chance de ver seu trabalho vivo. “O público vai ver que tem muito do Jô Soares na peça, além de uma explícita homenagem que só quem assistir vai entender”.

Sala Jô Soares – Jô Soares é a inspiração do projeto que a designer de interiores Jordana Fraga criou para a antiga suíte presidencial do Hotel Mabu Business, o QG do Festival. A sala Jô Soares será o espaço de encontro da imprensa e formadores de opinião com os artistas do festival, no último andar do prédio, com vista ao Teatro Guaíra e ao prédio histórico da UFPR.

A Mostra Lucia Camargo no Festival de Curitiba é apresentada por Banco CNH Industrial e New Holland, Novozymes, Copel e Sanepar – Governo do Estado do Paraná, com patrocínio de EBANX, DaMagrinha 100% Integral, GRASP e ClearCorrect. Acompanhe todas as novidades e informações pelo site do Festival de Curitiba www.festivaldecuritiba.com.br, pelas redes sociais disponíveis no Facebook @fest.curitiba, pelo Instagram @festivaldecuritiba e pelo Twitter @Fest_curitiba. Ingressos disponíveis pelo site oficial e na bilheteria física no Shopping Mueller (Piso L3).

Serviço:
Gaslight – Uma Relação Tóxica
Mostra Lucia Camargo - Festival de Curitiba
Data e Horário: 5 e 6 de abril às 20h30.
Local: Teatro Guaíra (Guairão) - Rua XV de Novembro, 971 - Centro
Classificação: 12.
Duração: 90'
Ingressos: www.festivaldecuritiba.com.br e no Shopping Mueller (Piso L3).
Valores: R$ 80 e R$ 40 (meia)

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Um Molière levado ao extremo no Festival de Curitiba

Sem abrir a boca, Companhia Teatro Esplendor tempera clássico da
comédia francesa com expressionismo, tragédia e até capoeira

Por Sandoval Matheus – Agência de Notícias Festival de Curitiba

Como montar uma das maiores comédias de todos os tempos? Os cariocas da Companhia Teatro Esplendor escolheram ser extremamente originais e subverter quase tudo. O resultado é que depois de nove meses de trabalho intenso, a livre adaptação de “O Tartufo”, a peça clássica do francês Molière, se transformou em uma obra expressionista, sombriamente estilizada, de ações carregadas e que, como num filme de Charles Chaplin, diz tudo sem dizer uma única palavra. O espetáculo, que em 2018 foi indicado aos prêmios Shell de Inovação, Melhor Figurino e Melhor Iluminação, chega agora à Mostra Lucia Camargo do Festival de Curitiba, com sessões nos dias 4 e 5 de abril, no Guairinha.

“Foi muito natural. Chegou um momento em que percebemos que as ações dos personagens falavam por si, estavam interessantes, loucas, uma coisa inédita. Era algo diferente. A gente não precisava dizer mais nada”, conta a atriz Yasmin Gomlevsky, que interpreta o personagem principal, o tartufo do título, um trambiqueiro profissional que usa a religião para se infiltrar em uma família, instalar o caos e saquear qualquer coisa em que puder colocar as mãos.

“O Molière está ali, a gente partiu do texto dele”, garante o diretor Bruce Gomlevsky. “Mas esse texto virou um pretexto, digamos assim. Até por isso, o título da nossa peça é ‘Um Tartufo’. É um entre tantos. É o nosso Tartufo.”

Para os integrantes da Companhia Esplendor, hoje a TV, o cinema e os catálogos dos serviços de streaming já dão conta de reproduzir, em suas obras, o realismo do mundo. Até por isso, eles queriam ir além. “É uma questão mesmo de colocar uma lupa, uma lente de aumento sobre as emoções humanas”, define Gustavo Damasceno, que no palco faz o papel de Orgonte, o pai de família praticamente abduzido por Tartufo, incapaz de ouvir os reiterados avisos daqueles que o cercam sobre a catástrofe que se avizinha.

Retiradas as palavras, sobrou espaço para a invenção. Dessa forma, a cena que no enredo original era uma grande discussão entre Orgonte e seu cunhado, Cleanto, sobre moral, ideologia e religião, na nova versão foi resolvida com um duelo de capoeira.

Já outra passagem, em que o impostor tenta seduzir Elmira, esposa de Orgonte, agora é levada às raias da barbárie, com uma encenação de abuso sexual. Tudo fica ainda mais marcante por conta da trilha sonora do compositor esloveno Borut Krzisnik.

Quando escreveu “O Tartufo”, no século 17, Molière foi censurado pela Igreja e pelo então rei da França, Luís XIV. O dramaturgo precisou retrabalhar o texto e deixar o final mais ameno. O primeiro rascunho se perdeu no tempo, mas a Companhia Esplendor recupera essa ideia e conclui o espetáculo de uma maneira bem menos feliz do que aquela que se popularizou, dando vazão a toda a tragédia em potencial.

“É um tema universal, esse da hipocrisia, da falsa moralidade, da imposição autoritária. O mundo nunca deixou de ter isso”, considera Yasmin Gomlevsky. “Eles ainda estão por aí, os tartufos.” Quem avisa, amigo é.

“Um Tartufo” faz parte da programação da Mostra Lucia Camargo, que é apresentada por Banco CNH Industrial e New Holland, Bosch, Novozymes, Copel e Sanepar – Governo do Estado do Paraná, com patrocínio de EBANX, DaMagrinha 100% Integral, GRASP e ClearCorrect. Acompanhe todas as novidades e informações pelo site do Festival de Curitiba www.festivaldecuritiba.com.br, pelas redes sociais disponíveis no Facebook @fest.curitiba, pelo Instagram @festivaldecuritiba e pelo Twitter @Fest_curitiba. Ingressos disponíveis pelo site oficial e na bilheteria física no Shopping Mueller (Piso L3).

Cia. Teatro Esplendor. Direção: Bruce Gomlevsky. Elenco: Yasmin Gomlevsky, Gustavo Damasceno, Thiago Guerrante, Ricardo Lopes, Victoria Reis, Glauce Guima, Lucas Garbois, Gustavo Luz. Música Original: Borut Krzisnik. Cenário: Bel Lobo e Bruce Gomlevsky. Figurino: Maria Duarte e Márcia Pitanga. Luz: Elisa Tandeta. Caracterização: Mona Magalhães. Fotos: Dalton Valério e Manu Tasca. Programação Visual: Rita Ariani. Assistência de Direção: Luiza Espíndula. Assistência de Direção Remontagem: Lízia Bueno. Assistente de Cenário: Nathália Meyohas. Cabeleireiro: Netto Guarani. Direção de Produção: Gabriel Garcia.

Serviço:
Um Tartufo
Mostra Lucia Camargo - Festival de Curitiba
Data e Horário: 4 e 5 de abril às 20h30.
Local: Guairinha (Rua XV de Novembro, 971 – Centro)
Classificação: 14
Duração: 96'
Ingressos: www.festivaldecuritiba.com.br e no Shopping Mueller (Piso L3).
Valores: R$ 80 e R$ 40 (meia)

Hashtags oficiais – #festivaldecuritiba #festcuritiba #luciacamargo

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