Dia da Mentira: Golpes e decepções amorosas podem desencadear traumas e fobias

Professora de Psicologia do UniCuritiba explica o que é a pistantrofobia e como o medo de confiar nas pessoas pode arruinar a convivência social
As plataformas de streaming estão repletas de documentários, séries, minisséries e filmes que revelam como golpes e mentiras podem afetar seriamente o emocional das vítimas. “O Paraíso e a Serpente”, “Dirty John”, “O Golpista do Tinder”, “Inventando Anna” e “The Dropout” são algumas produções que abordam o estelionato emocional – a prática de se aproveitar de uma pessoa para obter lucros e vantagens.

Em muitos casos, o prejuízo vai além da questão financeira e está longe de ser apenas uma mentira ou “brincadeira leviana” de 1º de abril (oficialmente, o Dia da Mentira). Experiências amorosas negativas e frustrantes, situações perigosas ou relacionamentos tóxicos colocam em risco a coragem das vítimas e as impede de voltar a se apaixonar ou se relacionar socialmente.

Esse medo exacerbado de confiar nas pessoas tem nome: pistantrofobia. A supervisora do Serviço-Escola de Psicologia do UniCuritiba (instituição que faz parte da Ânima Educação, uma das maiores organizações educacionais de ensino superior do país), psicóloga Daniela Jungles, explica que são várias as causas para o medo irracional de estabelecer um relacionamento pessoal ou íntimo com alguém.

“A confiança é frágil, difícil de conquistar, mas muito fácil de quebrar. Quando vivenciamos uma traição ou decepção, algo muda dentro de nós. Isso acontece com todo mundo, porque não queremos mais ser vulneráveis e deixamos de nos abrir por certo tempo. No entanto, para quem sofre de pistantrofobia, confiar novamente em alguém fica completamente fora de questão”, explica.

Sofrer de pistantrofobia pode arruinar rapidamente a vida de uma pessoa. Isso porque, seja no trabalho ou na vida pessoal e amorosa, a confiança no outro é fundamental. “A babá que cuida dos nossos filhos, um colega de escritório, a parceira ou parceiro amoroso... A lista de laços que exigem confiança é extensa e, evidentemente, entrar em um relacionamento é sempre um risco”, diz Daniela.

Como estabelecer a confiança
Para estabelecer níveis de confiança é preciso colocar à prova, por um certo tempo, as primeiras impressões sobre outra pessoa e testar sua confiabilidade. A questão, comenta a professora de Psicologia do UniCuritiba, é que essa aceitação do risco só é concebível para aqueles que, originalmente, têm autoconfiança suficiente para não reagir violentamente em caso de decepção.

A desconfiança é útil se praticada em pequenas doses e com sabedoria, porque alerta sobre possíveis perigos à integridade física e emocional. O problema está quando essa reação natural toma proporções incontroláveis e invade a esfera afetiva. “Sem confiança, nenhum relacionamento amigável, romântico ou profissional é possível”, avisa Daniela Jungles.

Quem tem pistantrofobia se convence de que, mais cedo ou mais tarde, será traído ou desapontado novamente e, por isso, nega a si qualquer chance de aproximação com outras pessoas. Nestes casos, o pessimismo crônico se confunde com cautela.

Sinais corporais e tratamento
De acordo com a psicóloga, a pistantrofobia gera um medo crônico de confiar nos outros e, para se proteger, o indivíduo evita situações que desencadeiam esse temor. Como consequência, essa situação fóbica aumenta a ansiedade, que pode vir acompanhada por sinais corporais, como sudorese, tontura, respiração rápida ou taquicardia.

Não há idade para se tornar fóbico e a origem das fobias pode estar enraizada nos primeiros laços emocionais. “Nosso passado constitui uma linha divisória entre segurança e insegurança afetiva, mas ela nem sempre é clara ou imediatamente identificável. Quanto mais o passado é marcado pela perda, abandono ou negligência, menos seguros são os apegos”, avisa a especialista.

O tratamento das fobias é possível desde que as causas – geralmente múltiplas - sejam identificadas. Daniela Jungles explica que o transtorno fóbico não é mais percebido pelo campo médico como um simples “conflito intrapsíquico”, pois resulta de múltiplas causas. “Os métodos para tratar a fobia variam de acordo com suas origens. A orientação é procurar um psicólogo para avaliação e indicação do tratamento mais adequado.”

Um olhar para o passado
As causas de problemas como a pistantrofobia podem estar relacionadas ao passado. Pais superprotetores, por exemplo, reforçam a sensação de desconfiança. Avisos como "Cuidado, não confie em ninguém" e “Não aceite doce de estranhos” são necessários para a segurança das crianças, mas devem ser moderados.

“Uma criança sufocada por pais superprotetores tende a perceber o mundo exterior como algo aterrorizante e povoado por potenciais agressores”, adverte a professora. Por outro lado, quando não são os pais que transmitem desconfiança é a própria vida que cuida disso: a traição de um colega ou parceiro, um amigo que abusa da generosidade ou até mesmo cair em um golpe.

Segundo Daniela, em alguns casos esse sentimento negativo se transforma em fobia e leva à crença de que “ninguém é digno da minha confiança, então preciso desconfiar de todos a todo tempo.”

Prevenção
É importante que vítimas de golpe ou traição não deixem o medo irracional tomar conta. Ao perceber os primeiros sinais é necessário marcar uma consulta com um psicólogo que, de acordo com o perfil da pessoa fóbica, saberá como conduzir o tratamento. “Em geral, a pessoa tem que enfrentar sua dor e aceitá-la ao invés de rejeitá-la, porque fugir de um problema nunca foi a solução. A prevenção depende, acima de tudo, do manejo precoce desse transtorno”, finaliza a psicóloga.

Sobre o UniCuritiba
Com mais de 70 anos de tradição e excelência, o UniCuritiba é uma instituição de referência para os paranaenses e reconhecido pelo MEC como uma das melhores instituições de ensino superior de Curitiba (PR). Destaca-se por ter um dos melhores cursos de Direito do país, com selo de qualidade OAB Recomenda em todas as suas edições, além de ser referência na área de Relações Internacionais. Conta com mais de 40 opções de cursos de graduação, em todas as áreas do conhecimento, além de cursos de pós-graduação, mestrado e doutorado.

Possui uma estrutura completa e diferenciada, à disposição dos seus mais de 6 mil estudantes, com dois campi (Milton Vianna Filho e Pinheirinho) e mais de 60 laboratórios. Com professores mestres e doutores que possuem vivência prática e longa experiência profissional, o UniCuritiba tem seu ensino focado na conexão com o mundo do trabalho e com as práticas mais atuais das profissões, estimulando o networking e as vivências multidisciplinares.

Especialista alerta sobre golpe no whatsapp e dá dicas de como recuperar sua conta hackeada

Especialista alerta sobre golpe no whatsapp e dá dicas de como recuperar sua conta hackeada

Um golpe através do WhatsApp está fazendo vítimas por todo o Brasil. Os criminosos usam os dados presentes em anúncios online para clonar o WhatsApp de usuários e com isso tentar pedir dinheiro para familiares e amigos da vítima, se fazendo passar pela pessoa.

A agência especializada em mídias sociais MF Press Global foi uma das primeiras a notificar sobre o golpe quando um de seus clientes foi vítima do golpe e teve seu WhatsApp clonado. Com isso, Fabiano de Abreu, CEO da MF Press Global, recebeu uma mensagem do criminoso se fazendo passar pelo seu cliente, pedindo a transferência de R$ 1790,00: “O golpe, ao meu ver, é muito similar aos sistemas similares ao Ardamax. O hacker chama as pessoas que parecem ser amigos, conhecidos ou familiares mais próximos e se passa pela pessoa para pedir dinheiro usando uma escrita correta e poucas palavras, que sejam neutras o suficiente para não levantar suspeitas”. Também vítima do golpe, o famoso nutricionista Leone Gonçalves que tem muitos clientes em todo Brasil, caiu no golpe, foi hackeado e teve diversos clientes que teve que ser avisado pelo profissional para que não caísse no golpe. “Logo que me avisaram do golpe, tratei de fazer o procedimento de denúncia e recuperação e simultaneamente.” disse o nutricionista.

Como funciona o golpe

Os criminosos usam informações encontradas em plataformas como o OLX e o Mercado Livre, podendo ser outro, que em geral pedem um número de telefone para cadastro dos interessados nos produtos anunciados, e assim os criminosos pegam o número de telefone e mandam mensagens à vítima, dizendo que é preciso enviar um código de confirmação que chegará via SMS para terminar o cadastro.

Contudo, esse código é, na verdade, o autenticador de duas etapas do WhatsApp da vítima, que é a última peça necessária para o golpista clonar a conta. Assim que a clonagem acontece, a vítima perde acesso ao aplicativo, que passa a ser controlado pelo criminoso, que entra em contato com amigos e familiares da vítima para pedir dinheiro.

Como o processo acontece de forma muito rápida, antes mesmo que usuários desatentos acabam acreditando na história.

Como evitar cair neste novo golpe

Fabiano de Abreu diz que é importante perceber que algo não condiz com o discurso regular daquela pessoa e avisar ao real dono da conta: "Eu sugiro que a pessoa ligue para o remetente da mensagem confirmando se é ele mesmo ou até mesmo para alertá-lo ou envie mensagens nas outras redes sociais para confirmar que é ele mesmo”.

Além disso, o especialista também revela que todos os dias chegam relatos de pessoas que já sofreram com esse tipo de tentativa de invasão. Para se proteger do golpe é necessário ter a verificação em duas etapas do WhatsApp ativada e ficar atento ao receber e-mails de serviços que deixam dados de contato expostos publicamente.

Como recuperar seu WhatsApp hackeado?

Abra o WhatsApp no seu celular, clique no ícone de menu, em forma de três pontos verticais, selecione WhatsApp Web, toque no botão Sair de todas as sessões, confirme clicando em Sair.

Caso remover o WhatsApp Web não tenha funcionado, será necessário pedir a desativação de sua conta.

Abra seu aplicativo de email e envie uma mensagem para o endereço support@whatsapp.com e copie e cole esse texto no corpo do email: “Lost/Stolen: Please deactivate my account”. Lembre-se de colocar seu número de celular — com código de país e DDD — para que identifiquem qual conta devem desativar.

Após fazer a desativação, você terá 30 dias para reativar sua conta caso tenha encontrado um meio de recuperá-la. Depois desse período, todos os dados da sua conta serão apagados.

Depois destes procedimentos, restaure seu celular com os padrões de fábrica para eliminar qualquer coisa que seja suspeita e esteja no seu celular.