Dia do Enólogo: conheça os responsáveis pelas melhores produções no mundo dos vinhos

Sommelière da Wine homenageia os profissionais que se destacam em vinícolas renomadas como Bodegas D. Mateos, Undurraga, Burmester, Viña las Perdices e Carpineto

O dia 22 de outubro é uma data comemorativa criada para reconhecer os grandes responsáveis pelas obras de artes que tanto apreciamos no mundo dos vinhos. É o Dia do Enólogo, esse profissional que domina técnicas de vinificação, conhece o tempo ideal de amadurecimento de cada produção e define o momento certo de cada exemplar partir rumo à conquista de mais paladares apaixonados pela bebida.
Para celebrar esse dia tão especial, a Marina Bufarah de Souza, sommelière da Wine, maior clube de assinatura de vinhos do mundo e líder no ranking de importação do Brasil, homenageia cinco enólogos de vinícolas parceiras, que contribuem muito para que os brasileiros tenham acesso a rótulos internacionais para lá de especiais. Conheça-os a seguir!

Mateo Ruiz Moreno, da Bodegas D. Mateos

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Criado em meio a uma tradição vitivinícola familiar que remonta a centenas de anos, Mateo Ruiz Moreno é a sétima geração de viticultores dedicados à exploração de inúmeras propriedades localizadas no coração de La Rioja, ao norte da Espanha. Decidido a honrar esse legado, se formou engenheiro agrônomo e vive um grande amor pela produção de vinhos, tanto que ainda preserva a antiga vinícola instalada na casa de sua avó Guillermina.

Responsável pela Bodegas D. Mateos desde a construção da adega em meados dos anos 2000, o enólogo surpreende e cria vinhos repletos de personalidade e características típicas da região. “Ele gosta de combinar seu prazer pela produção de vinhos com as tradições familiares, tanto que criou uma linha de vinhos com teor bem pessoal. É a coleção “Família La Mateo”, formada por produções especiais que homenageiam os segredos da vinha familiar, transmitidos ao longo de mais de 150 anos de pai para filho. Para quem busca exemplares apaixonantes e repletos de histórias, o resultado do trabalho de Mateo sempre é uma agradável surpresa”, observa Marina, da Wine.

Carla Tiago e Ricardo Macedo, da Burmester

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Natural da cidade de Guimarães, em Portugal, Ricardo Macedo é licenciado em Engenharia Agrícola. Sua inquietude e procura incessante em inovar e aprender, o levaram às primeiras vinhas da região do Douro, de onde nunca mais saiu. Atualmente é o enólogo responsável pelos D.O.C. Douro da Casa Burmester e pelos vinhos tranquilos da vinha S. Luiz, ambas do Grupo Sogevinus.

“A vontade de inovar, da vinha ao vinho” é o que o move diariamente. O respeito pela pureza do terroir, a exploração e a preservação de um património de castas autóctones e a criação de um portfólio de vinhos com identidades e personalidades próprias são fruto de um trabalho de quem tem no Douro o seu berço.

Já Carla Tiago é natural de Torre de Moncorvo no Douro Superior e licenciada em Bioquímica. Sua primeira colheita de uvas no Douro foi em 2005 e hoje em dia lidera a equipe de enologia de Vinhos do Porto que, além da Burmester, inclui a marca Kopke. Ela participa anualmente em júris de vários concursos internacionais de vinhos, incluindo o Concurso Internacional de Vinhos de Berlim, o Vindouro Vinduero (Espanha) e o Portugal Wine Trophy, que faz com que assegure uma alta qualidade aos vinhos produzidos pelas marcas.

Sem dúvida, com esse time imbatível de enólogos, a vinícola Burmester é reconhecida como uma das principais produtoras de vinho da região do Douro e do Porto.

Caterina Sacchet, da Carpineto

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Nascida em uma família de vinicultores italianos, Caterina Sacchet cresceu numa casa instalada acima da adega principal da vinícola Carpineto, cercada por vinhedos e oliveiras em Chianti, uma região vitivinícola localizada na italiana Toscana.

Sua experiência como enóloga vem do Novo e do Velho Mundo, com safras não apenas de sua terra natal, mas também de francesas e australianas. Licenciada em Viticultura e Enologia, segue os passos de seu pai e mentor, Giancarlo Sacchet, enólogo e cofundador da Carpineto.

É também uma defensora de métodos agrícolas modernos e sustentáveis, num esforço constante para maximizar a saúde do solo e das uvas, bem como a produção com o uso de energias renováveis e a redução da pegada de carbono. “Os vinhos produzidos com o olhar criterioso de Caterina aderem a padrões de qualidade mais altos do que exigem as leis das denominações de origem e são veganos”, observa a sommelière da Wine.

Fernando Losilla, da Viña Las Perdices

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Fernando Losilla deu os primeiros passos na produção de vinhos e espumantes de qualidade, na adega experimental da Faculdade de Ciências Agrárias. De lá para cá, formou-se engenheiro agrônomo e enólogo na região de Mendoza, na Argentina.

De 2014 até hoje, é o primeiro enólogo da Viña las Perdices, tradicional produtora localizada aos pés da Cordilheira do Andes desde 1950 e que surpreende com a linha Las Perdices, que conta com exemplares perfeitos para degustar no dia a dia, e a linha Partridge, que expressa o melhor das uvas, com rótulos imperdíveis.

O enólogo é o grande responsável pela produção de vinhos e espumantes da marca e também fundador e enólogo do projeto pessoal Contiempo Wines, que produz vinhos e espumantes de alto padrão.

Rafael Urrejola, da Undurraga

Rafael Urrejola, além de enólogo chefe da chilena Undurraga, é o líder de toda a operação de vinificação da vinícola e gerencia a produção de vinhos tranquilos, espumantes e de colheita tardia. Além disso, lidera a premiadíssima linha T.H. - Terroir Hunter. Como um legítimo “caçador” de terroirs, Rafael viajou extensivamente pelo Chile e o resto do mundo, fez extensas viagens técnicas e comerciais em mais de 35 países.

Em 2017, Rafael foi eleito o Enólogo do Ano por Tim Atkin MW, um dos críticos de vinhos mais influentes da Europa e mais recentemente, foi reconhecido como Enólogo Tinto do Ano pelo International Wine Challenge 2023, sendo o único enólogo do continente americano a conquistar este título, o que representa uma vitória histórica para a indústria vinícola chilena e para o profissional.

Quando ele não está mergulhado até o pescoço nas uvas ou cavando buracos nos vinhedos chilenos, gosta de relaxar com sua esposa Macarena e seus filhos, ouvindo boa música e, idealmente, com uma boa taça de vinho ou - muitas vezes - cerveja na mão.

Experiência Maui Solaire by Veuve Clicquot

Nova programação já está disponível para reservas e será apresentada oficialmente no dia 30/09 com a presença de François Hautekeur, enōlogo da Moët Hennessy

Sequência de atividades de luxo será destaque do Hotel Maui Maresias no litoral norte de São Paulo

São Paulo, setembro de 2023 - Em um dos destinos mais cobiçados e agitados do litoral sudeste, Veuve Clicquot e Hotel Maui Maresias lançam o Maui Solaire, três dias de experiências gastronômicas e de lifestyle para os gostos mais exigentes. Dia 30/09 marcará o início da experiência com a presença do Enólogo Francois Hautekeur e os pacotes já estão disponíveis para reserva, que contemplam opções com hospedagem de dois dias e Experiência Veuve Clicquot, jantares com menu harmonizado criado pelo chef Rodrigo Theodoro, degustação de Veuve Clicquot, passeios de barco e terapias relaxantes.

Este charmoso refúgio de alto padrão mantém, desde sua origem, a proposta de surpreender em todos os sentidos e proporcionar experiências inesquecíveis a seus hóspedes em suas 18 suítes.

O deck em ambiente agradável abriga o Restaurante Guató que traz em sua essência a cultura “solaire” da marca, que valoriza o amarelo do sol, da alegria e do otimismo com um rooftop e gastronomia moderna e criativa.

EXPERIÊNCIA VEUVE CLICQUOT

Tudo foi muito bem pensado para proporcionar uma temporada inesquecível! No primeiro dia os convidados são recebidos com taças de Veuve Clicquot e um presente surpresa em sua suite. Já no segundo dia o destaque fica por conta do piquenique ao cair da tarde, e, ao final, uma apresentação exclusiva de saxofone.

No jantar, o Chef Rodrigo Theodoro desenvolveu o menu Navegando com Veuve Clicquot & Maui Maresias com menu harmonizados em 5 tempos e inspirado em experiências já realizadas pelo mundo. A primeira entrada tem como ponto de partida de navegação a névoa já conhecida da praia de Maresias com molhos e pescados característicos da região.

Já em alto mar, a segunda entrada tem como base peixes nobres cozidos em baixa temperatura. Seguindo a navegação na Experiência Veuve Clicquot, a segunda degustação será com produtos nobres regionais inspirados na água salgada.

Depois dessa incrível navegação, chegamos à terra firme. As inspirações para os próximos pratos passam a ser os itens encontrados no continente como aves, legumes, molhos especiais e trufas. Tendo como referência o coco, que representa o frescor das praias, tanto para os pratos salgados quanto doces.

No terceiro dia os hóspedes vão aproveitar a terapia relaxante ao estilo Maui Solairei, onde, já em terra firme após uma incrível navegação, finalizamos a experiência Veuve Clicquot & Maresias com brinde com e Veuve Clicquot e massagem relaxante para o casal.

Mais informações disponíveis no (12) 3865-7121 ou acesse o site.

Hotel adults only.

Sobre a Veuve Clicquot
Fundada em Reims em 1772, a Veuve Clicquot permanece fiel a seu lema: “Apenas uma qualidade, a melhor.”
Em 1805, a Madame Clicquot assumiu as rédeas da Maison e tornou-se uma das primeiras empresárias dos tempos modernos. Uma otimista inveterada, logo ficou conhecida como ‘la grande dame de Champagne’. Seu espírito livre, sua audácia e sua cultura de inovação nunca deixaram de inspirar a Maison, que continua a deixar sua marca em todo o mundo. Apesar das dificuldades que encontrou, ela vislumbrou o futuro com confiança e ganhou a aposta quase impossível, para uma mulher de seu tempo, de revolucionar a indústria do champanhe. O vinho icônico da Veuve Clicquot, Brut Yellow Label, é sinônimo de um savoir-faire desenvolvido ao longo de mais de dois séculos. O amarelo, presente nos rótulos desde 1877, também é a cor do sol nascente. Uma ode à alegria e ao otimismo, expressa uma das convicções da Maison: a de que cada novo dia oferece a promessa de novas possibilidades para construir um futuro mais radiante.

A CHANDON compartilha suas práticas de viticultura sustentável e desafios da colheita de 2022

A vinícola traz um novo olhar para o futuro da Viticultura Sustentável na elaboração dos espumantes brasileiros

São Paulo, 22 de março de 2022 – Desde 1973, a CHANDON se dedica exclusivamente a elaborar espumantes excepcionais, nas Serras Gaúchas, de forma corajosa, colaborativa, inspiradora e em busca de um futuro mais sustentável e responsável.

Desde o ano 2000, a CHANDON tem seu vinhedo próprio, em Encruzilhada do Sul, e este é considerado um modelo em viticultura sustentável, é a sua vitrine. Prezando pelo cuidado e proteção, a vinícola busca constantemente a inovação, o pioneirismo e a preservação de suas terras, sendo a primeira vinícola brasileira a receber a certificação PIUP (Produção Integrada de Uva para Processamento), de viticultura sustentável, para elaboração de espumantes.

A CHANDON conquistou essa certificação colocando em prática técnicas de sustentabilidade neste terroir único, as quais consistem em estimular as defesas naturais da videira, reduzindo o uso de produtos químicos, racionalizando o manejo do vinhedo e melhorando as condições para cobertura vegetal e o aumento da biodiversidade. Favorece, assim, a vida e a saúde do solo, aumentando sua fertilidade promovendo melhor drenagem e retenção da água. Estes fatores elevam o teor de matéria orgânica do solo, que, desta forma, sequestra o gás carbônico, um dos principais gases responsáveis pelo efeito estufa.

Além disso, a CHANDON implementa um sistema de logística reversa que permite que os resíduos sejam revertidos à indústria e reutilizados. Coletando o lixo, a empresa o separa de acordo com cada categoria e o envia diretamente a fornecedores locais que o reciclam. Hoje em dia, mais de 99,34% dos resíduos gerados durante o processo produtivo na vinícola são reciclados e esforços constantes são destinados à melhoria contínua desses números.

Na safra de 2022, a vinícola enfrentou desafios e situações inesperadas, e usou do pioneirismo e expertise para garantir a qualidade de seus espumantes.

Este ano teve que lidar com as altas temperaturas que poderiam afetar as qualidades organolépticas das uvas e, consequentemente, dos espumantes elaborados a partir delas. Para superar esta dificuldade, a equipe de enologia acompanhou com precisão a curva de maturação das uvas, tomando a decisão de antecipar e acelerar a colheita das uvas mantendo o ponto de maturação desejado, preservando a acidez e um teor de açúcares moderado, mantendo desta forma o frescor, a leveza e a delicadeza aromática que caracterizam os espumantes da CHANDON.

A pandemia foi um fator extra que afetou a adaptação de safristas, os quais precisaram se adequar às medidas de biossegurança para a COVID-19, com o objetivo de manter a segurança durante esse momento importante de celebração do trabalho anual do vinhedo: a colheita.

Nesta safra, a comunidade teve um papel ainda mais fundamental, já que a CHANDON conta com uma grande equipe de safristas durante a colheita e destaca a importância dessa interação.

"O conhecimento é o resultado de uma conversa permanente entre o vinhedo e a vinícola da CHANDON; nossa história com a comunidade da CHANDON é uma relação de longo prazo e uma troca fundamental." diz Philippe Mével, enólogo chefe da CHANDON Brasil.

A colheita desta safra teve 61,8% de mulheres na vindima, provando que os diferentes olhares podem trazer resultados excepcionais. Lembramos que a vinícola tem orgulho de suas raízes brasileiras, das matérias primas que maneja, e isso só prova que a terra proporciona conexões e experiências inesquecíveis por meio das pessoas, das trocas e da cultura local.

"A importância de ser uma mulher num mercado predominantemente masculino é trazer um olhar de que é possível estar nesse mercado de viticultura, influenciar outras mulheres e mostrar que tem muito espaço no mundo do vinho a ser conquistado por nós." Diz Franciele Santos, enóloga da CHANDON Brasil.

A CHANDON acredita que o espumante é mais do que um produto agrícola, é a reunião de uma comunidade de talentos em busca de um resultado excepcional e sustentável; por isso, a saúde e a manutenção da terra, do meio ambiente e das pessoas são de extrema importância no processo de elaboração até a entrega dos seus espumantes excepcionais na casa de seus consumidores.

Fotos: Link

SOBRE CHANDON

Arriscar e descobrir novos territórios e possibilidades faz parte do espírito pioneiro da CHANDON, a Maison de espumantes da LVMH, desde sua fundação, em 1959, por Robert-Jean de Vogue, um pioneiro com visão, coragem e determinação para redefinir a categoria.

CHANDON é sinônimo de novos e surpreendentes terroirs, métodos inovadores e uma natureza curiosa e desbravadora. Com vinhedos cuidadosamente escolhidos, localizados em quatro continentes e uma rede colaborativa de 16 enólogos de 7 nacionalidades, somos a mais local das marcas globais. A comunidade é a nossa força, um dos princípios que nos move. A nossa história é de um trabalho coletivo de sucesso.

A CHANDON não simplesmente está no Brasil; ela é do Brasil. Mais do que uvas, cultivamos o orgulho em nossa brasilidade. Somos a primeira propriedade vinícola no país dedicada exclusivamente a espumantes. Situada nas encantadoras Serras Gaúchas, com seu clima subtropical temperado, colhemos à mão cada valiosa uva, sempre profundamente conectados com as nossas raízes e propósito: elaborar espumantes e experiências excepcionais, de forma preciosa e colaborativa, em direção a um futuro sustentável e responsável.

CHANDON: abrindo um mundo de possibilidades.

Redes Sociais

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Cientistas selecionam leveduras para produzir vinhos exclusivos

Com o auxílio da ciência, vinicultores brasileiros já podem contar com leveduras selecionadas especialmente para elaboração de vinhos nas principais regiões produtoras brasileiras. São fungos retirados das superfícies das uvas, que transformam o mosto de uvas em vinho e conferem à bebida aromas, cores e sabores únicos. As leveduras são exclusivas de cada localidade e foram selecionadas pela equipe de pesquisa da Embrapa, visando aumentar a diferenciação entre as regiões e dar ao vinho local uma identidade única.

Confira a matéria completa, com imagens e vídeos, no Portal da Embrapa

Desde o início da década de 1980, a equipe da área de microbiologia da Embrapa Uva e Vinho (RS) desenvolve um programa de pesquisa que coleta, testa e seleciona leveduras nativas, também chamadas de autóctones – aquelas que existem naturalmente nas uvas produzidas na região, especialmente da espécie Saccharomyces cerevisiae, que assume a dianteira no processo fermentativo. Idealizado como uma alternativa às leveduras comerciais importadas, hoje, o programa se configura como um diferencial na produção de vinhos e compõe a Coleção Institucional de Leveduras da Embrapa.

Para o pesquisador da Embrapa Jorge Tonietto, que atua no desenvolvimento de indicações geográficas, o uso de leveduras nativas reforça a identidade desses produtos. “O uso das leveduras selecionadas na própria região valoriza a qualidade associada à origem e fortalece a tipicidade dos vinhos e espumantes das diferentes regiões, especialmente das que já possuem indicação geográfica, um benefício para os produtores e consumidores,” declara.

“A seleção de leveduras autóctones para as diferentes regiões vitivinícolas brasileiras tem o potencial de conferir um caráter regional a esses produtos”, complementa o pesquisador da Embrapa Gildo Almeida da Silva, curador da coleção de quatro mil e quinhentas linhagens de levedura coletadas nas principais regiões vitivinícolas no Brasil.

A ideia é valorizar os territórios do vinho. Para isso, as atividades envolvem coleta, isolamento, caracterização, identificação e estudo detalhado de cada uma das leveduras isoladas de cada região. “Selecionamos as melhores, que só serão repassadas aos produtores daquela região da qual foram coletadas. Isso também pode ter um apelo promocional, o que leva a uma valorização do produto final por ter sido elaborado com a uva e com a levedura provenientes da localidade, geralmente com indicação geográfica.”

No caso das Indicações Geográficas, Silva destaca que as linhagens da coleção possuem endereços específicos para atender às exigências do local. “As linhagens isoladas, por exemplo, para a Denominação de Origem do Vale dos Vinhedos, só serão distribuídas para os vinicultores da área delimitada do Vale dos Vinhedos. Essa exclusividade acontece com todas as outras regiões do Brasil”, pontua.

Há oito safras, o vitivinicultor e enólogo Antoninho Calza, proprietário da Vinícola Calza, uma agroindústria familiar de Monte Belo do Sul, na Serra Gaúcha, é um usuário fiel da levedura 2MBS12, selecionada da região de Monte Belo pela Embrapa, para a elaboração de espumantes e vinho branco Chardonnay, integrando a Indicação de Procedência Monte Belo. “Gosto dessa levedura nativa da Embrapa, pois ela confere um sabor único aos produtos, com aroma de mel, cera de abelha e tostado nos espumantes. Já nos brancos, um sabor de pera e cítricos. Ela traz características locais para os nossos produtos”, pontua.

Calza comenta que além do resultado, já no processo a levedura fornecida pela Embrapa é diferenciada, pois garante uma rápida fermentação sem aquecer tanto o mosto, em comparação às leveduras comerciais. Ele está tão satisfeito que na safra de 2020 inovou e utilizou a levedura selecionada também na elaboração de vinhos tintos Cabernet Franc e Merlot. “Estou aguardando para ver qual será o resultado, mas tenho certeza de que será mais um vinho diferenciado para a Vinícola Calza e para a Indicação de Procedência”, comenta. Ele destaca ainda que as leveduras nativas garantem um valor agregado aos produtos, atraindo a atenção dos consumidores.

O entusiasmo do pioneiro Calza chamou a atenção de outros seis vitivinicultores da região de Monte Belo do Sul, que também integram a Aprobelo e nesta safra começaram a utilizar a levedura para a elaboração dos seus vinhos. Além de Monte Belo, nos últimos três anos a Embrapa forneceu leveduras para vinícolas de Pinto Bandeira (IP Pinto Bandeira), São Joaquim (Vinhos de Altitude), Urussanga (IP Vales da Uva Goethe) e Vale dos Vinhedos (DO Vale dos Vinhedos).

Mas nem só de leveduras para os vinhos das Indicações Geográficas é composta a coleção mantida pela Embrapa. O Programa também abriga linhagens genéricas, que podem ser solicitadas e disponibilizadas para qualquer localidade por produtores.

É o caso de um produtor de Capão da Canoa (RS) que tem, de forma assídua, demandado leveduras para suas vinificações, embora em pequeníssima escala. Ele tem recebido as leveduras genéricas.

Microrganismos que dão aroma, cor e sabor

A levedura produz a essência do vinho, é o agente da fermentação que transforma o açúcar em álcool e em outras substâncias igualmente importantes. Elas também agregam à bebida uma série de compostos aromáticos produzidos durante a fermentação, também conhecido como aroma secundário. Normalmente, a fermentação deixa os sabores e aromas originais da uva mais intensos, em outros casos, ativam precursores inodoros no mosto, mas que aparecem no vinho.

Mauro Zanus, pesquisador da área de enologia da Embrapa Uva e Vinho, comenta que anteriormente buscava-se por meio da inoculação de leveduras selecionadas atribuir, principalmente, eficiência ao processo fermentativo, para garantir uma fermentação completa, isto é, que não gerasse sobras e açúcares e que, também, não aportasse odores estranhos aos vinhos. Já hoje, a contribuição das leveduras é bem maior. Por intermédio da seleção de linhagens é possível a elaboração de diferentes estilos de vinhos, adicionando-se novas dimensões de aromas e gostos, como o efeito dos territórios (biomas) que rodeiam os vinhedos. “Enólogos estão explorando esse conhecimento para acentuar o ‘efeito do terroir’ (sentido de lugar), a expressão do sabor e a originalidade dos seus vinhos, por meio de leveduras selecionadas nos vinhedos.”

Coleção de microrganismos

O banco de leveduras é uma Coleção Institucional (CI) com exemplares de todo território nacional. As linhagens foram coletadas, isoladas, identificadas, caracterizadas, sendo mantidas a 80 graus negativos. Todas estão devidamente cadastradas no SisGen sob número A603BA9. O critério para a seleção são as indicações geográficas. Se uma região mostrar potencial para ter uma indicação geográfica, a equipe faz a coleta e isolamento das leveduras para descobrir quais são as linhagens isoladas que possuem aptidão enológica adequada e assim serem escolhidas para elaborar vinhos com características próprias daquele do local”, enfatiza Silva. Se a uva de uma região já apresenta uma característica importante para o vinho elaborado, a levedura pode reforçar ainda mais essa característica. O pesquisador coopera com equipes multidisciplinares de cientistas da própria Embrapa, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e da Universidade de Caxias do Sul (UCS), que estão envolvidas na Indicação Geográfica.

Silva explica que o trabalho de isolamento da espécie Saccharomyces cerevisiae pode envolver várias safras, pois depende de diversos fatores como a cultivar, os tratos culturais aplicados e a maturação da baga.

Ele destaca ainda que além desses fatores, as regiões do Brasil são ímpares, com características específicas. Muitas leveduras se adéquam a um determinado local e, de acordo com o ambiente, apresentam condições metabólicas diferenciadas. Uma levedura do Vale do São Francisco e uma mesma espécie da Campanha Gaúcha são diferentes, cada qual com suas características próprias.

A linhagem do Sul pode ser mais específica para a Campanha Gaúcha, e a encontrada no Nordeste, será mais adaptada às condições do Vale do São Francisco e isso vale para as demais regiões do Brasil. “Com isso você estabelece uma diferenciação mais forte, além daquelas que já são determinadas pelos diferentes climas, solos e variedades de uvas que temos no País,” detalha Silva.

A coleção de leveduras da Embrapa possui microrganismos selecionados para todas as indicações geográficas de vinhos e espumantes registradas e em desenvolvimento do Brasil, incluindo o Vale dos Vinhedos, Pinto Bandeira, Monte Belo, Altos Montes, Farroupilha, Vales da Uva Goethe, Campanha Gaúcha, Vale do São Francisco, Altos de Pinto Bandeira e Vinhos de Altitude de Santa Catarina.

De acordo com o enólogo Stevan Grutzmann Arcari, da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) em Urussanga (SC), os vinhos podem revelar diversas notas de sabor e de aroma que variam de acordo com o tipo de uva utilizada, com o processo de envelhecimento e com as diferentes formas de produção. As leveduras também participam desse processo intensificando ou modificando o aroma do vinho. A fermentação dos vinhos também pode ter influência no sabor e no aroma da bebida, criando notas que lembram outras frutas, ervas e aromas, como couro.

A levedura tem que ser considerada como um agente que vai responder fisiologicamente às condições do ambiente, complementa Arcari. “Se você souber trabalhar com ela e se a matéria-prima for de qualidade, você vai ter um bom vinho. A base está na parte agrícola e microbiológica. Se você errar em uma delas, não vai ter um produto de qualidade, seja o enólogo que for,” declara.

A Embrapa e a Epagri estão apoiando os vitivinicultores da Indicação de Procedência Vales da Uva Goethe que já estão utilizando a levedura lá isolada pela Embrapa para produção de seus vinhos, o que vai possibilitar fortalecer a bebida típica da região.

Viviane Zanella (MTb 14.400/RS)
Embrapa Uva e Vinho