Tênis com vestido ainda está na moda? Como vão ser suas roupas do dia a dia pós pandemia

Depois de passar meses dentro de casa usando pijama, roupas de ginástica ou moletom, as pessoas recomeçam a sair na rua, e aí vem a dúvida: qual look usar para evitar o coronavírus e ainda, se sentir bonita?

A pandemia alterou absolutamente tudo em nossas vidas, inclusive a relação do consumidor com a moda. Ainda há muitas questões sem resposta, mas aqui vamos tentar entender algumas delas.
Menos é mais: o novo normal?
Entre as previsões da era pós-pandemia, não faltaram opiniões de especialistas e estudos de tendência afirmando que, a partir de agora, o consumidor passaria a comprar em menor quantidade, mas itens de mais qualidade, e o slow fashion seria a regra.

No entanto, não é isso que vimos em Paris, capital da moda, quando as lojas reabriram. Depois de 50 dias sem irem às compras, os franceses formaram filas em lojas de fast fashion e até mesmo nas lojas de luxo.

Fica a discussão: vale a pena arriscar a vida para comprar uma roupa ou um acessório novo? São itens urgentes, que alguém precisa muito? E se a resposta for sim, por que não comprar pela Internet?

Talvez, mais do que nunca, o hábito das compras esteja sendo usado para preencher a ansiedade, o vazio existencial deixado pelo coronavírus. Ou então as pessoas estejam desesperadas para sentir o mínimo de normalidade em suas vidas após tanto tempo confinadas.
Alta costura mais digital
Os últimos meses mostraram que a ostentação das semanas de moda internacionais podem estar quase no fim.

Já que as maiores casas de moda de todo o mundo não puderam desfilar suas coleções nas passarelas que atraem todos os olhares, elas tiveram que se reinventar: os desfiles virtuais foram a saída para exibir as novidades e lançar tendências, com a vantagem de tornar o show de moda acessível em todo o mundo.

Mesmo com a retomada das principais semanas de moda, como a Paris Fashion Week, que ocorrerá em setembro, grandes marcas já afirmaram que não vão participar. É uma oportunidade de explorar novas formas de divulgação e até mesmo fazer negócios.

Além da pandemia, uma possível debandada das semanas de moda acontece devido a prazos curtos entre os lançamentos. Agora, a questão considera também a situação da economia e da saúde da população mundial e mostra que a moda vai muito além de uma peça de roupa.
Roupas como forma de proteção
Camisetas, vestidos, calças, casacos… tudo com a promessa de ser antivírus. Esses itens começaram a pipocar nos e-commerces nos últimos meses, mostrando que a indústria têxtil está de olho nas demandas provocadas pela pandemia.

A promessa é o que determinados tipos de fios especiais inativam o coronavírus em apenas alguns minutos, após a realização de testes que comprovam a eficácia da tecnologia. A proteção resiste a um número elevado de lavagens, mas não é para sempre.

A boa notícia é que muitas das marcas que têm essas roupas tecnológicas estão comercializando-as por um preço acessível para que mais pessoas fiquem protegidas contra a doença, principalmente quando precisam sair de casa.
Máscaras obrigatórias
Um hábito comum nos países orientais talvez tenha vindo para ficar no Brasil: o uso de máscaras. Por lá, pessoas com sintomas de doenças respiratórias transmissíveis já estão acostumadas a usá-las, e o uso está sendo intensificado neste período crítico.

Na realidade brasileira, estados e cidades estão declarando a obrigatoriedade de máscaras em locais públicos, seja para fazer uma caminhada ao ar livre ou para ir ao mercado e até mesmo frequentar um restaurante. Ou seja, apesar do desrespeito às regras, é cada vez mais comum se deparar com pessoas vestindo esse novo item.

Para evitar a indisponibilidade para os hospitais e profissionais de saúde e também contribuir com o meio ambiente, as máscaras de tecido têm sido as mais usadas pela população.

Não à toa, marcas de moda já passaram a produzir seus modelos, que variam entre preços populares a valores exorbitantes.

A necessidade também tem ajudado a fomentar o DIY, ou seja, pessoas que aprendem a costurar para fabricar seu próprio modelo, e também tem sido o carro-chefe entre pequenos artesãos, que até personalizam os pedidos dos clientes.
Conforto é must have
Se o normcore, aquele estilo mais despojado, já estava em alta, com a pandemia de COVID-19 ele se tornou praticamente unânime. Quase todo mundo adotou como uniforme do dia a dia as roupas mais largas, confortáveis e aconchegantes do guarda-roupa, e a tendência veio para ficar.

Enquanto ainda não há segurança para realizar grandes eventos ou reuniões mais sociais, será muito difícil que os vestidos chiques e o salto alto voltem a ser destaque.

Por isso, a resposta para pergunta do título desse texto é: sim, o tênis com vestido ainda está na moda e assim continuará por mais algum tempo (provavelmente até termos uma boa parcela da população imunizada com uma vacina segura e eficaz).

Nos próximos meses, o conforto continuará sendo prioridade, mesmo com a flexibilização da quarentena. É o que já temos visto em outros países que estão em um estágio mais avançado de desconfinamento, inclusive com celebridades endossando o estilo.

Com tantas mudanças acontecendo e em meio a uma situação sem data para acabar, pensar no seu look de reestreia ao novo normal não seja mais a sua principal preocupação de moda, mas sim procurar reavaliar a sua relação com esse universo.

Animal print vai sair de moda algum dia?

Do brega a super tendência: um pouco da história da estampa
Comecemos pelo início: para quem nunca ouviu o termo, animal print são todas as estampas que recriam a pele de animais selvagens - de onça, tigre, zebra, cobra e outras. Agora que você sabe do que se trata, provavelmente se lembra que houve um tempo em que essas estampas não eram consideradas muito fashion, não é mesmo?

Para entender melhor a história dessa tendência tão atual, voltamos a nosso tempo como primórdios. Naquela época, usar pele de animais selvagens como vestimenta era a única opção para nos proteger do frio.

Tempos depois, no início da civilização, as roupas feita com pele de animais se tornaram sinônimo de riqueza e poder e eram usadas por reis e rainhas.

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Madame de Moracin (1776)

Na moda como conhecemos hoje, os primeiros registros de animal print em roupas são nos anos 1940 - Mitzah Bricard, musa inspiradora da Dior e quem estava com Christian Dior no ano em que ele abriu sua casa de costura era grande fã pelos tecidos com estampas animais.

O estilista foi o primeiro a usar a estampa de onça, e não a pele, em um vestido chamado África.

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Mitzah Bricard (1940)

A tendência foi bastante endossada pelo cinema dos anos 50 e nos anos 60, Brigitte Bardot, Jacqueline Kennedy, Barbara Streisend e Elizabeth Taylor foram algumas das fotografadas usando a estampa. Como grandes influenciadoras daquele tempo, mudaram o status fashion da animal print para o grande público.
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Jacqueline Kennedy

A moda chegou nos anos 80 com todo exagero que envolveu o período: as estampas animais passaram a ter novas cores e aparecer acompanhadas de acessórios não tão neutros, sendo mais associada a um estilo rocker, despojado e de atitude - não tão chique como nas décadas anteriores.

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Kurt Cobain

A maneira como foi usada nos anos 80 acabou deixando uma fama negativa para as animal print nos anos 90 - isso porque, as pessoas de estilo mais tradicional não se identificavam com o visual propagado por Kurt e os roqueiros da época. Se existiu um momento de impopularidade das animal print, foi nos anos 90.

Ainda bem que nos anos 2000 a moda voltou a emplacar, tanto nas passarelas quanto na rua. A Versace, com seu DNA excêntrico é uma das maisons que nunca abriu mão de ter a animal print nas suas coleções.
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Atualmente, basta entrar em qualquer loja de departamento para encontrar dezenas variações da estampa, tanto em cores quanto em peças de roupa: blusas, casacos, calças, shorts e até nas meias! Isso prova que sim, a animal print está com tudo e não voltará a ser impopular tão cedo.
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Se nos anos 80 era usada com certo exagero, hoje é mais ainda: looks de animal print dos pés à cabeça tem caído nas graças das mais fashionistas.
Sendo assim, só nos resta aproveitar por viver no auge dessa tendência historicamente fashion. Pronta para tirar a onça do guarda roupa combinar com seus mules e sair linda por aí?