Bailarina Marietta Baderna: escritora resgata a história da sua tataravó nos palcos brasileiros

Não se há de estranhar que o(a) leitor(a) não conheça a história da Baderna, vernáculo único e exclusivo de nosso português do Brasil, o termo Baderna deriva do sobrenome de uma bailarina que aportou no Brasil oitocentista, revolucionando costumes e o modo vigente de pensar

Escrito pela tetraneta da bailarina – a autora Paula Giannini –, o livro lança luz sobre a memória de uma mulher que, embora tenha o nome figurando em dicionário – ainda que de modo torcido e retorcido –, é desconhecida do público.

A história é narrada do ponto de vista masculino e seus grandes feitos, e, deste modo, deixa-se pelo caminho figuras de mulheres emblemáticas, fortes, resistentes, e que deixaram suas marcas na trajetória sociopolítica e cultural de nosso país.

Maria Baderna

Baderna estreou como primeira bailarina em palcos brasileiros em 29 de setembro de 1849, com o balé “Il Ballo Delle Fate”, um acontecimento de tal forma impactante que a bailarina em pouco tempo se tornou uma estrela celebrada na imprensa brasileira da época (Jornal do Comércio, a Marmotta, Correio Mercantil, entre outros – escritos por nomes como Machado de Assis, José de Alencar, Gonçalvez Dias, Barão do Rio Branco, Manoel Antônio de Almeida, entre outros.

Mais que a arte, entretanto, a consciência política corria no sangue dos Baderna, e a mesma militante que, em pleno contexto de ocupação austro-húngara na Itália, durante as Guerras Napoleônicas, posicionava-se publicamente ao lado do pai como defensora dos Carbonários, da liberdade, da Itália livre e unificada; no Brasil, assimilou a luta pela abolição e pelo direito de seus companheiros artistas.

A história de Baderna confunde-se com a história do nascimento de um teatro nacional brasileiro, com a história do Rio de Janeiro, de Recife e do Brasil oitocentista. Durante seus mais de 40 anos vivendo no país que escolheu como sua segunda pátria, a vida da artista foi atravessada pela febre amarela, pelo árduo caminho percorrido até a abolição, pelo nascimento republicano, por incêndios que devastaram os teatros do Rio de Janeiro, fazendo surgir novas e grandiosas casas de espetáculo que, em seu tempo, chegavam a abrigar 5000 pessoas em uma só noite. Baderna viu surgir o telégrafo, a luz elétrica, casou-se, ficou viúva precocemente, e criou seus filhos com uma incansável dedicação à arte e aos palcos nacionais.

Diante da perplexidade do apagamento do nome de Baderna, mesmo no seio da família, a tetraneta da bailarina criou um livro que, mais que a trajetória da artista, é um documentário não ficcional, com grande dose de licença poética, em formato híbrido trazendo transcrições de jornais antigos, roteiros de dramaturgia, prosa, escritos epistolares e imagens do acervo de família e de jornais.

O livro é editado pela Palco das Letras (selo independente da autora em parceria com Amauri Ernani) e a pesquisa é de Marília Giannini (trineta da artista).

O projeto literário também prevê a realização de oficinas práticas de literatura híbrida, palestras e a publicação em formato audiolivro.

Serviço:

Título: Baderna

Autora: Paula Giannini (Baderna)

Páginas: 310

Editora: Palco das Letras

Adquira o livro físico e e-book gratuito através do site: https://palcodasartes.wordpress.com/baderna/

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LEGENDA DA FOTO

Paris, 1862: fragmento do ensaio fotográfico do artista Numa Fils com a performance da bailarina Marietta Baderna (acervo da família – divulgação)

BAILARINA E FOTÓGRAFO CRIAM LIVRO INTERATIVO POR MEIO DE QR CODES

Coreo(codes): Movimentos Codificados em Espaços Singulares proporciona experiência audiovisual e revela espaços afetivos de cidades do interior do Paraná.

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Foto: Tom Lisboa

Que local na sua cidade é o mais importante pra você? Foi com esta questão que a bailarina Patrícia Machado e o fotógrafo Tom Lisboa abordaram os moradores de Assis Chateaubriand, Lapa, Jacarezinho e Prudentópolis, no interior do Paraná. A ideia de conhecer estes locais por meio da perspectiva de seus habitantes era a proposta inicial do projeto Coreo(codes): Movimentos Codificados em Espaços Singulares cujo resultado foi materializado na forma de um livro.

Coreo(codes) é um livro sobre cidades e resgata a sensação de pertencimento ao local em que se habita por meio da subjetividade de quem ali mora. Essa história, no entanto, é contada de uma forma bem singular. Ela combina depoimentos, fotografias desses lugares e QR Codes que transferem o leitor para uma experiência dançada em cada um dos locais escolhidos.

O desejo de realizar este projeto nasceu em 2016, mas só se concretizou em 2021, em plena pandemia da Covid-19 e, por causa disso, algumas ações tiveram que ser adaptadas para o formato virtual. O primeiro uso foi para selecionar os participantes. A produção de Coreo(codes) fez circular nas redes sociais uma convocatória para os moradores destes locais participarem de um projeto de dança, mas que não era necessário nenhum tipo de experiência prévia. Já a plataforma zoom foi fundamental na realização das oficinas ministradas sob orientação da bailarina e coreógrafa Patrícia Machado. Foram cinco encontros com cada grupo das cidades selecionadas. Nesta etapa, os participantes eram incentivados a improvisarem movimentos e produzirem pequenas coreografias inspiradas em lugares com os quais eles tinham uma conexão afetiva. O encontro presencial só acontecia quando o grupo de uma cidade concluía suas criações coreográficas. Aí a equipe se deslocava até o município para Tom fotografar e filmar o que havia sido ensaiado nos lugares escolhidos pelos participantes. Foram mais de dois mil quilômetros percorridos pelas estradas do Paraná para realizar estes registros.

“Mesmo tendo realizado grande parte do projeto de forma virtual, criamos um vínculo afetivo com os moradores, era emocionante conhecê-los presencialmente no dia das filmagens. Partilhamos histórias íntimas ao longo do processo, relata Patrícia.

A bailarina e coreógrafa conta o quanto foi interessante discutir território, corpo, movimento e modos de pertencer e criar presença nos espaços justamente no período em que lidávamos com as restrições impostas pela pandemia. “Nesses últimos anos fomos sendo obrigados a voltar nosso olhar para os ambientes. A questão corpo-espaço mudou completamente. Ao longo do processo de criação os próprios participantes foram questionando o que entendiam como lugar e o que para eles fazia mais sentido, o que de fato tinha importância. Eles trouxeram para o trabalho lugares como a sala da casa, o colo da vó. A dança serviu como ritual para despedidas e reconhecimento dos espaços”, revela.

“Uma das belezas do projeto foi o modo como os participantes nos abriram suas vidas e mostraram, em seus corpos, um pouco de sua história e como se relacionam com o lugar onde vivem”, acrescenta Tom.

Enquanto Patrícia provocava as narrativas, Tom era o responsável por ilustrá-las. Coreo(codes) reúne 27 coreografias/performances que são acessadas por QR Codes, resultado do registro fotográfico de Tom Lisboa que foi transformado em stop motions. As animações foram compostas, cada uma, por cerca de 300 fotografias editadas e tratadas individualmente. “Utilizei como referência um stop motion que vi na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Mantenha-me em Pé (Tiens-moi droite, 2012), da cineasta francesa Zoé Chantre. Era uma espécie de "filme rascunho", que era continuamente apagado e refeito. Achei poeticamente impactante porque a vida é uma obra que não se passa a limpo, está sempre em processo. Como eu nunca havia trabalhado com esta técnica, foi desafiador, mas sobretudo pelo volume de trabalho. Para cada coreografia com duração de um minuto eu precisava ter pelo menos 300 fotos que eram tratadas uma a uma”, conta o fotógrafo.

“Essa técnica escolhida pelo Tom nos ajudou a compreender a imagem do movimento como rastro do que deixamos de nós nos lugares, rastros silenciosos, mas repletos de vibração”, comenta Patrícia. Coreo(codes) se revela, para mim, como uma dança poética de coexistência no lugar que integra o visível e o invisível de habitar um tempo-espaço”, completa.

“A conexão criativa que se estabeleceu com a equipe e com cada um dos participantes foi muito gratificante, este projeto possibilitou que descobríssemos novas potencialidades em nós mesmos”, conclui Tom.

Para assistir as coreografias de Coreo(codes) é preciso apontar a câmera de um celular para o QR Code das páginas do livro. Os stop motions não têm som, mas incluem uma indicação de trilha sonora sugerida tanto por Patrícia, quanto por Tom e por quem realizou a performance.

Coreo(codes) está sendo comercializado via instagram do projeto: @coreocodes

Projeto realizado com o apoio da Copel, por meio do PROFICE (Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura), da Secretaria de Estado da Cultura – Governo do Estado do Paraná.

Sobre os criadores

Patrícia Machado é bailarina, coreógrafa, performer e artista docente. Tem formação em Dança pelo Institut del Teatre de Barcelona, Espanha, mestrado em Mediações Educacionais em Artes, pela UNESPAR e é doutoranda em Pedagogia das Artes Cênicas, na UDESC. Atuou na Leine and Roebana Dance Company – Amsterdam, It Danza Joven Compañia –Barcelona, CEDECE – Companhia de Dança Contemporânea – Lisboa e no Balé Teatro Guaíra, Curitiba. Interessada na causa do refúgio e migração, desde 2016 desenvolve trabalhos coreográficos e performativos com a temática. É idealizadora e colaboradora de diferentes projetos na transversalidade da arte e educação como o Criança que Dança Haiti, projeto que promove performances e atividade artísticas com jovens em situação de vulnerabilidade social em Porto Príncipe, no Haiti e o Visita Guiada. Cofundadora do Coletivo Nós em Traço, grupo de artistas interessadas em alternativas para arte e educação através do diálogo entre o corpo, movimento e traço.

Tom Lisboa tem Mestrado em Photography and Urban Cultures, pela Goldsmiths, University of London e Mestrado em Comunicação e Linguagens, pela Universidade Tuitui do Paraná. Atua como artista visual, professor de cinema e fotografia, curador independente e está radicado em Curitiba desde 1987. Em 2020, recebeu, do estado do Paraná, o Prêmio de Reconhecimento por Trajetória Cultural Aldir Blanc. Em 2018, foi agraciado pelo governo britânico com o prêmio Chevening Awards, um programa de bolsa de estudos internacional que permite que profissionais com qualidades de liderança de mais de 160 países e territórios realizem estudos de pós-graduação ou cursos em universidades no Reino Unido. Em 2012, recebeu o Prêmio FUNARTE Marc Ferrez de Fotografia e, em 2005, o Prêmio Porto Seguro de Fotografia, na categoria pesquisas contemporâneas, com a série polaroides (in)visíveis. Neste mesmo ano, foi ainda mapeado pelo Rumos Itaú Cultural. Foi um dos artistas convidados da Bienal de Cerveira(2013), em Portugal; Photovisa(2015), na Rússia e Encuentros Abiertos(2008), na Argentina. Participou ainda dos principais festivais de fotografia do país (Paraty em Foco, Fest POA, Foto Arte, Semana da Foto em Curitiba).

Ficha Técnica

Concepção e Criação: Patrícia Machado e Tom Lisboa

Direção de Movimento: Patrícia Machado

Fotografia e Stop Motion: Tom Lisboa

Montagem: Lívea Castro

Projeto Gráfico: Letícia Lampert

Revisão Português: Ana Guida

Revisão Inglês: Liane von Mühlen

Texto dos participantes e tradução para inglês: Tom Lisboa

Produção: Artéria Cultural

Assistente de Produção: Alessandra Lange

Publicação: Drops Cultural

Rede Social: Ana Paula Luz

Assessoria de Imprensa: Glaucia Domingos

Serviço:

Livro Coreo(Codes): Movimentos Codificados em Espaços Singulares

Contato/vendas: @coreocodes (instagram)

Produção

Alessandra Lange

alelange@yahoo.com

O sonho de menina pode se tornar realidade no Dreams, o novo Studio de Dança de Curitiba

O sonho de menina pode se tornar realidade no Dreams, o novo Studio de Dança de Curitiba

Sabe aquele sonho de menina de ser bailarina ou dançarina que ficou esquecido ou foi interrompido pelo ritmo da vida? Ele pode se tornar realidade no Dreams Studio de Dança, o mais novo espaço de dança de Curitiba que inaugura no dia 9 de novembro com o conceito de inspirar a realização de sonhos.

Voltado para mulheres a partir de 15 anos, o Dreams vai oferecer flexibilidade de horários para que as pessoas possam encaixar a dança em suas rotinas, independente de idade, estilo de vida, histórico ou experiências com dança.

“Vamos oferecer mais de 50 aulas por semana, num modelo diferente das escolas de dança tradicionais, com aulas independentes e flexibilidade de horários. Nossa proposta é oferecer uma experiência nova todos os dias”, explica Emanuelly Martins, professora e sócia-proprietária do Dreams.

As alunas poderão escolher qualquer aula, em qualquer horário, seguindo a grade horária disponível e plano de aula contratado. Tradicionalmente, quem se envolve com a dança assume uma responsabilidade grande com ensaios, horários extras e espetáculos, que acaba por se tornar mais uma obrigação no dia a dia, principalmente para mulheres adultas.

“Foi assim que nasceu o conceito do Dreams, numa proposta de incluir a dança no dia a dia de qualquer pessoa, com qualquer rotina. Queremos criar uma vida sem barreiras e despertar as mulheres para que elas vivam seus sonhos plenamente e se realizem”, conta Laryssa Mattos, bailarina e sócia-proprietária.

Por meio da dança, o studio busca o equilíbrio do corpo e da alma proporcionando bem-estar por meio do estímulo a um estilo de vida mais saudável, com resultados físicos, mentais e espirituais.

“Somos movidas pelo amor à dança, o que ela nos proporciona, nos desenvolve, o que nos realiza, transforma e nos faz crescer como pessoas. Queremos estimular que as pessoas se permitam sonhar e realizar seus sonhos por meio da dança.”, conclui Daisy Victor, professora e sócia-proprietária do Dreams.

O Dreams Studio de Dança inaugura dia 9 de novembro. Interessadas podem optar por mensalidade, aula avulsa ou pacotes de aulas. Informações podem ser adquiridas pelas redes sociais ou pelo site.

Serviço

Dreams Studio de Dança

Endereço: Rua Desembargador Otávio do Amaral 1244, Mercês

Telefone e whastapp: (41)3328-1613

Instagran: @DreamsStudioDeDanca

Facebook: Dreams Studio de Dança

Na foto as empresárias Laryssa Mattos, Dayse Victor e Emanuelly Martins