Ainda dá tempo: aproveite cinco atrações imperdíveisda 30ª ExpoBento e 17ª Fenavinho

Feira e festa encerram domingo (19), no Parque de Eventos de Bento Gonçalves

A 30ª ExpoBento e a 17ª Fenavinho dispõem de uma oferta de produtos, serviços e entretenimento capaz de mobilizar multidões em direção ao Parque de Eventos de Bento Gonçalves. Quem ainda não aproveitou todas as possibilidades de compras e lazer que os eventos oferecem precisa se atentar: o encerramento da feira e da festa está programado para domingo, dia 19.

Até lá, ainda há tempo de aproveitar muitas das atrações da ExpoBento e Fenavinho. Mas, para ajudar a otimizar seu tempo nos pavilhões, elencamos cinco experiências imperdíveis para serem aproveitadas o quanto antes e garantir ainda mais espaço na sua agenda para aproveitar cada momento antes da despedida das edições da feira e da festa deste ano.

Voo de helicóptero
Que tal admirar Bento Gonçalves das alturas? Um voo de helicóptero com saída e chegada no heliponto do Parque de Eventos oferece um novo ângulo das belezas de Bento Gonçalves. O passeio poderá ser feito no sábado, dia 18, e no domingo, dia 19, das 10h às 17h, e as partidas são por ordem de chegada. O valor do voo, que dura aproximadamente cinco minutos, é de R$ 190 e pode ser parcelado em até quatro vezes no cartão.

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Experiências tecnológicas
Se você quer ampliar seu entendimento sobre metaverso e realidade virtual a Fenavinho te ajuda. As duas experiências estão instaladas na Vila Típica e podem ser testadas sem custo algum para os visitantes. No metaverso, é possível passear pela Vila Típica de forma virtual, enquanto a realidade virtual levará o público a visitar dois pontos turísticos, previamente fotografados, de forma real, com o auxílio de óculos de realidade virtual. Se você quiser ampliar seu contato com a tecnologia, aproveite que está na Fenavinho e tenha seu vinho servido por um robô. Para isso, é preciso adquirir uma taça de cristal da Oxford, a R$ 20. Depois, é só trocar o voucher recebido que o robô fará o resto por você -- beber o vinho fica por sua conta, não esqueça!

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Degustar vinho
O universo dos vinhos pode ser intimidador para alguns, diante de tantos tipos e estilos da bebida. Mas a Fenavinho também está aí para, além de oferecer diversão e alegria com a enogastronomia da região, ajudar na aproximação do público com a milenar bebida. Onde devo pegar a taça para beber? Como sentir os aromas do vinho? Perguntas assim vão ser respondidas nos cursos gratuitos de degustação oferecidos pelas vinícolas participantes. De sexta a domingo, ocorrem duas aulas em cada dia, com início sempre às 15h e às 19h. Sexta-feira, a promoção será nas vinícolas Cristofoli e Lovara, respectivamente. No sábado, quem oferece os cursos são as vinícolas Don Giovanni e Valmarino e, encerrando a programação, no domingo, o evento será na Vinícola Somocal e nos Vinhos Coloniais. Inscrições na hora, de acordo com a disponibilidade de vagas.

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Fenavinho
A ExpoBento e a Fenavinho estão de volta depois de um hiato de dois anos devido à pandemia. Agora, é tempo de celebrar o reencontro, e nada mais indicado do que reunir os amigos e os familiares e aproveitar, no melhor clima de festa do interior, os atrativos da Fenavinho. O ambiente remete às comunidades do início do século 20, com os estandes das vinícolas e de restaurantes emulando o casario típico da época. Longas mesas, como aquelas das festas de colônia, recebem os visitantes para acomodá-los a fim de que passem, ali, horas agradáveis entre um brinde e outro como vinho, suco e espumante e bons pratos de pasta e pizza. Por ali, ainda, é bem fácil de encontrar o Tasta Vin, o mascote da festa, e o trio de soberanas da Fenavinho, a Imperatriz do Vinho, Laís Dupont, e as Damas de Honra, Raiane Conci e Letícia Beliski. Uma bela chance de registrar esse encontro e guardá-lo tanto no celular quanto na memória.

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Agroindústria
Um dos espaços mais saborosos da ExpoBento, literalmente, é sua área dedicada às agroindústrias. Quem vem de fora para a Serra sabe que vir para a região significa voltar para casa com capeletti, queijo, salame, pães e outras delícias típicas. Para quem mora aqui, é a oportunidade de, num único lugar, encontrar tudo que precisa para abastecer a despensa e deixar a mesa repleta de coisas boas para comer -- afinal, para o gringo, mesa boa é mesa farta. Esse espaço na feira reúne cerca de 40 pequenos produtores agrícolas que vêm de diversas partes do Estado para oferecer produtos de procedência reconhecida. Uma grande chance de levar mais sabor e saúde à mesa -- e ainda prestigiar e consumir todas as delícias produzidas no interior gaúcho.

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Serviço
O quê: 30ª ExpoBento e 17ª Fenavinho
Quando: até 19 de junho
Horários: dias 17 e 18, das 10h às 22h30min; dia 19, das 10h às 21h
Onde: Parque de Eventos, em Bento Gonçalves
Quanto: dia 17, ingressos a R$ 8; dias 18 e 19, ingressos a R$ 15
Estacionamento: R$ 25 para carros e R$ 10 para motos
Informações: site e-mail expobento@expobento.com.br
Promoção: Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG)

A 30ª ExpoBento e a 17ª Fenavinho têm o patrocínio de Dal Mobile, Madem Indústria e Comércio de Madeiras e Embalagens, Cooperativa Vinícola Aurora, Orquidea, Saif, Oxford Porcelanas, LNF Latino Americana, Bertolini S/A, Paese Comercio de Ferragens, Cooperativa Santa Clara, Crediare S/A, Lojas Colombo, Miolo Wine Group Vitivinicultura, Zegla Indústria de Máquinas para Bebidas, Multimóveis, Anderle Transportes, Concresul Britagem, Giordani Turismo, Sicredi, Supermercados Andreazza, Banrisul Consórcio, Suffa Móveis, Via Sul Serviços de Internet, Mérica Logistica, Badesul e Prefeitura Municipal de Bento Gonçalves. São apoiadores Embrapa, Guterres Comércio de Combustíveis, SEBRAE, SENAC, Hotel Vinocap e Transporte Santo Antônio.

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Crédito: Gilmar Gomes

Cientistas selecionam leveduras para produzir vinhos exclusivos

Com o auxílio da ciência, vinicultores brasileiros já podem contar com leveduras selecionadas especialmente para elaboração de vinhos nas principais regiões produtoras brasileiras. São fungos retirados das superfícies das uvas, que transformam o mosto de uvas em vinho e conferem à bebida aromas, cores e sabores únicos. As leveduras são exclusivas de cada localidade e foram selecionadas pela equipe de pesquisa da Embrapa, visando aumentar a diferenciação entre as regiões e dar ao vinho local uma identidade única.

Confira a matéria completa, com imagens e vídeos, no Portal da Embrapa

Desde o início da década de 1980, a equipe da área de microbiologia da Embrapa Uva e Vinho (RS) desenvolve um programa de pesquisa que coleta, testa e seleciona leveduras nativas, também chamadas de autóctones – aquelas que existem naturalmente nas uvas produzidas na região, especialmente da espécie Saccharomyces cerevisiae, que assume a dianteira no processo fermentativo. Idealizado como uma alternativa às leveduras comerciais importadas, hoje, o programa se configura como um diferencial na produção de vinhos e compõe a Coleção Institucional de Leveduras da Embrapa.

Para o pesquisador da Embrapa Jorge Tonietto, que atua no desenvolvimento de indicações geográficas, o uso de leveduras nativas reforça a identidade desses produtos. “O uso das leveduras selecionadas na própria região valoriza a qualidade associada à origem e fortalece a tipicidade dos vinhos e espumantes das diferentes regiões, especialmente das que já possuem indicação geográfica, um benefício para os produtores e consumidores,” declara.

“A seleção de leveduras autóctones para as diferentes regiões vitivinícolas brasileiras tem o potencial de conferir um caráter regional a esses produtos”, complementa o pesquisador da Embrapa Gildo Almeida da Silva, curador da coleção de quatro mil e quinhentas linhagens de levedura coletadas nas principais regiões vitivinícolas no Brasil.

A ideia é valorizar os territórios do vinho. Para isso, as atividades envolvem coleta, isolamento, caracterização, identificação e estudo detalhado de cada uma das leveduras isoladas de cada região. “Selecionamos as melhores, que só serão repassadas aos produtores daquela região da qual foram coletadas. Isso também pode ter um apelo promocional, o que leva a uma valorização do produto final por ter sido elaborado com a uva e com a levedura provenientes da localidade, geralmente com indicação geográfica.”

No caso das Indicações Geográficas, Silva destaca que as linhagens da coleção possuem endereços específicos para atender às exigências do local. “As linhagens isoladas, por exemplo, para a Denominação de Origem do Vale dos Vinhedos, só serão distribuídas para os vinicultores da área delimitada do Vale dos Vinhedos. Essa exclusividade acontece com todas as outras regiões do Brasil”, pontua.

Há oito safras, o vitivinicultor e enólogo Antoninho Calza, proprietário da Vinícola Calza, uma agroindústria familiar de Monte Belo do Sul, na Serra Gaúcha, é um usuário fiel da levedura 2MBS12, selecionada da região de Monte Belo pela Embrapa, para a elaboração de espumantes e vinho branco Chardonnay, integrando a Indicação de Procedência Monte Belo. “Gosto dessa levedura nativa da Embrapa, pois ela confere um sabor único aos produtos, com aroma de mel, cera de abelha e tostado nos espumantes. Já nos brancos, um sabor de pera e cítricos. Ela traz características locais para os nossos produtos”, pontua.

Calza comenta que além do resultado, já no processo a levedura fornecida pela Embrapa é diferenciada, pois garante uma rápida fermentação sem aquecer tanto o mosto, em comparação às leveduras comerciais. Ele está tão satisfeito que na safra de 2020 inovou e utilizou a levedura selecionada também na elaboração de vinhos tintos Cabernet Franc e Merlot. “Estou aguardando para ver qual será o resultado, mas tenho certeza de que será mais um vinho diferenciado para a Vinícola Calza e para a Indicação de Procedência”, comenta. Ele destaca ainda que as leveduras nativas garantem um valor agregado aos produtos, atraindo a atenção dos consumidores.

O entusiasmo do pioneiro Calza chamou a atenção de outros seis vitivinicultores da região de Monte Belo do Sul, que também integram a Aprobelo e nesta safra começaram a utilizar a levedura para a elaboração dos seus vinhos. Além de Monte Belo, nos últimos três anos a Embrapa forneceu leveduras para vinícolas de Pinto Bandeira (IP Pinto Bandeira), São Joaquim (Vinhos de Altitude), Urussanga (IP Vales da Uva Goethe) e Vale dos Vinhedos (DO Vale dos Vinhedos).

Mas nem só de leveduras para os vinhos das Indicações Geográficas é composta a coleção mantida pela Embrapa. O Programa também abriga linhagens genéricas, que podem ser solicitadas e disponibilizadas para qualquer localidade por produtores.

É o caso de um produtor de Capão da Canoa (RS) que tem, de forma assídua, demandado leveduras para suas vinificações, embora em pequeníssima escala. Ele tem recebido as leveduras genéricas.

Microrganismos que dão aroma, cor e sabor

A levedura produz a essência do vinho, é o agente da fermentação que transforma o açúcar em álcool e em outras substâncias igualmente importantes. Elas também agregam à bebida uma série de compostos aromáticos produzidos durante a fermentação, também conhecido como aroma secundário. Normalmente, a fermentação deixa os sabores e aromas originais da uva mais intensos, em outros casos, ativam precursores inodoros no mosto, mas que aparecem no vinho.

Mauro Zanus, pesquisador da área de enologia da Embrapa Uva e Vinho, comenta que anteriormente buscava-se por meio da inoculação de leveduras selecionadas atribuir, principalmente, eficiência ao processo fermentativo, para garantir uma fermentação completa, isto é, que não gerasse sobras e açúcares e que, também, não aportasse odores estranhos aos vinhos. Já hoje, a contribuição das leveduras é bem maior. Por intermédio da seleção de linhagens é possível a elaboração de diferentes estilos de vinhos, adicionando-se novas dimensões de aromas e gostos, como o efeito dos territórios (biomas) que rodeiam os vinhedos. “Enólogos estão explorando esse conhecimento para acentuar o ‘efeito do terroir’ (sentido de lugar), a expressão do sabor e a originalidade dos seus vinhos, por meio de leveduras selecionadas nos vinhedos.”

Coleção de microrganismos

O banco de leveduras é uma Coleção Institucional (CI) com exemplares de todo território nacional. As linhagens foram coletadas, isoladas, identificadas, caracterizadas, sendo mantidas a 80 graus negativos. Todas estão devidamente cadastradas no SisGen sob número A603BA9. O critério para a seleção são as indicações geográficas. Se uma região mostrar potencial para ter uma indicação geográfica, a equipe faz a coleta e isolamento das leveduras para descobrir quais são as linhagens isoladas que possuem aptidão enológica adequada e assim serem escolhidas para elaborar vinhos com características próprias daquele do local”, enfatiza Silva. Se a uva de uma região já apresenta uma característica importante para o vinho elaborado, a levedura pode reforçar ainda mais essa característica. O pesquisador coopera com equipes multidisciplinares de cientistas da própria Embrapa, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e da Universidade de Caxias do Sul (UCS), que estão envolvidas na Indicação Geográfica.

Silva explica que o trabalho de isolamento da espécie Saccharomyces cerevisiae pode envolver várias safras, pois depende de diversos fatores como a cultivar, os tratos culturais aplicados e a maturação da baga.

Ele destaca ainda que além desses fatores, as regiões do Brasil são ímpares, com características específicas. Muitas leveduras se adéquam a um determinado local e, de acordo com o ambiente, apresentam condições metabólicas diferenciadas. Uma levedura do Vale do São Francisco e uma mesma espécie da Campanha Gaúcha são diferentes, cada qual com suas características próprias.

A linhagem do Sul pode ser mais específica para a Campanha Gaúcha, e a encontrada no Nordeste, será mais adaptada às condições do Vale do São Francisco e isso vale para as demais regiões do Brasil. “Com isso você estabelece uma diferenciação mais forte, além daquelas que já são determinadas pelos diferentes climas, solos e variedades de uvas que temos no País,” detalha Silva.

A coleção de leveduras da Embrapa possui microrganismos selecionados para todas as indicações geográficas de vinhos e espumantes registradas e em desenvolvimento do Brasil, incluindo o Vale dos Vinhedos, Pinto Bandeira, Monte Belo, Altos Montes, Farroupilha, Vales da Uva Goethe, Campanha Gaúcha, Vale do São Francisco, Altos de Pinto Bandeira e Vinhos de Altitude de Santa Catarina.

De acordo com o enólogo Stevan Grutzmann Arcari, da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) em Urussanga (SC), os vinhos podem revelar diversas notas de sabor e de aroma que variam de acordo com o tipo de uva utilizada, com o processo de envelhecimento e com as diferentes formas de produção. As leveduras também participam desse processo intensificando ou modificando o aroma do vinho. A fermentação dos vinhos também pode ter influência no sabor e no aroma da bebida, criando notas que lembram outras frutas, ervas e aromas, como couro.

A levedura tem que ser considerada como um agente que vai responder fisiologicamente às condições do ambiente, complementa Arcari. “Se você souber trabalhar com ela e se a matéria-prima for de qualidade, você vai ter um bom vinho. A base está na parte agrícola e microbiológica. Se você errar em uma delas, não vai ter um produto de qualidade, seja o enólogo que for,” declara.

A Embrapa e a Epagri estão apoiando os vitivinicultores da Indicação de Procedência Vales da Uva Goethe que já estão utilizando a levedura lá isolada pela Embrapa para produção de seus vinhos, o que vai possibilitar fortalecer a bebida típica da região.

Viviane Zanella (MTb 14.400/RS)
Embrapa Uva e Vinho

Pesquisa identifica compostos do arroz aromático brasileiro

Um grupo de cientistas identificou seis compostos que caracterizam o arroz aromático brasileiro. A pesquisa ajudará os agricultores no processo de definição de futuras cultivares que tenham essa propriedade destacada e cujo grão é utilizado em pratos da culinária internacional ou adaptado a receitas nacionais. O estudo foi liderado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), em parceria com a Embrapa e o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA/ARS). Os resultados do trabalho foram publicados em artigo científico no periódico Cereal Chemistry.

O objetivo do trabalho é agregar valor à rizicultura no País, oferecendo aos agricultores a possibilidade de plantar novas cultivares para atender diferentes nichos de mercado. O arroz aromático é comum na Ásia, América do Norte e Europa, mas sua produção no Brasil e na América Latina ainda é insignificante e o consumo quase totalmente restrito à alta gastronomia.

A pesquisadora da Embrapa Arroz e Feijão (GO) Priscila Zaczuk Bassinello acredita que o interesse por esse arroz tende a crescer, pois as pessoas têm buscado novas experiências culinárias, o que fará o arroz aromático se tornar mais popular.
O cheiro da alta gastronomia

Alguns pratos mais comuns com o cereal aromático são o arroz basmati com frango e curry e, no Brasil, há a adaptação do grão aromático em receitas com manjericão e castanha-do-pará triturada. No livro Delícias com arroz e feijão, da Cozinha Experimental da Embrapa Arroz e Feijão, o arroz aromático entra em várias preparações, destacando-se o bolo sem glúten.

Segundo Priscila, estudos como esse apoiam o trabalho para a oferta de produtos com qualidades diferenciadas. “Com mais conhecimento, agricultores, indústrias e melhoristas podem ajudar na seleção de genótipos brasileiros que, no futuro, irão se tornar novas cultivares de arroz aromático à disposição do consumidor”, prevê.
Molécula lembra o cheiro de pipoca

O principal elemento diferenciador do arroz aromático brasileiro, em relação ao arroz também produzido no País, mas não aromático, é a substância chamada 2-acetil-1-pirrolina, ou 2AP, pertencente ao grupo químico das cetonas e associada por consumidores ao cheiro de pipoca. Essa molécula é um composto volátil natural do arroz aromático e controlada por influência genética. O odor está presente no grão, que, ao ser cozido, desprende mais intensamente a fragrância.

O 2AP é uma substância também encontrada no arroz aromático da Índia, China e Indonésia, e está em variedades comercializadas internacionalmente do tipo Basmati e Jasmine. No estudo, foram utilizados grupos de plantas que fazem parte do programa de melhoramento da Embrapa e originárias dos dois tipos citados, a partir do cruzamento entre Pusa Basmati 1 e Diwani, uma linhagem de arroz aromático Jasmine. No trabalho, foi utilizado o grão integral de arroz, que apresenta quantidade maior de constituintes voláteis em relação ao arroz branco polido.

Assinatura química pode ajudar na rastreabilidade

Os outros cinco compostos voláteis das amostras resultantes desse cruzamento de arroz aromático foram decanal, 2-hexanona, 2-pentilfurano, 1-hexanol e hexanal. De acordo com a pesquisadora, esse conhecimento é importante, pois, com o 2-AP, essas substâncias podem funcionar como biomarcadores. “A presença e a concentração desses compostos podem indicar a interação entre a variedade e o ambiente, abrindo perspectivas de investigações científicas sobre rastreabilidade e autenticidade de produtos, possibilitando futuros estudos de identificação geográfica do arroz aromático brasileiro com potencial agregação de valor. Por exemplo, o 1-hexanol e o hexanal são apontados, respectivamente, como identificadores do arroz branco oriundo da Coréia e da China”, conta.

Rede continental pela qualidade do arroz

Além da característica aromática, o arroz é conhecido por possuir uma série de propriedades que variam muito, conforme o gosto dos consumidores. Mesmo em se tratando do arroz branco polido, a preferência do brasileiro pelo grão longo fino com cozimento soltinho é o oposto da versão, por exemplo, do risoto italiano. Por haver preferências muito específicas, quando o assunto é o cereal, profissionais de diferentes áreas buscam fazer convergir as necessidades da pesquisa: produção, comercialização e consumo. Isso levou à criação de uma iniciativa inédita: a Rede Latino-Americana de Qualidade de Arroz.

Sob a coordenação do professor Nathan Vanier, do Laboratório de Grãos da Universidade Federal de Pelotas (Labgrãos-UFPEL), a rede ainda não tem um número exato de membros porque o momento é de estabelecer interlocução e expandir a base de laboratórios participantes, mas já há integrantes do Brasil, Argentina, Uruguai e Colômbia. Existem também fabricantes de equipamentos compondo um segmento que procura aprimorar tecnologias industriais para atender ao setor.

Segundo Vanier, a rede pretende trabalhar alguns assuntos prioritários em seu primeiro ano de atividades. “As metas são criar um sistema que permita a comunicação de forma mais rápida, segura e moderna entre os participantes dos diferentes projetos e, claro, iniciar as análises e diálogos interlaboratoriais”, anuncia o cientista ao contar que um dos projetos iniciais é a análise interlaboratorial de amilose, viscoamilografia e outras variáveis de qualidade de arroz, tanto para o da classe longo fino como para outras variedades especiais.

Outra meta é o início de ações para definição de padrões de qualidade premium nos diferentes países integrantes da rede. Vanier explica que há até diferenças conceituais de um país para outro. Portanto é necessário padronizar os termos até para orientar normas de comercialização.

“Existe ainda um grupo de participantes que manifestou interesse em atuar nas ações de marketing e divulgação da qualidade e benefícios do consumo de arroz para promoção do produto junto ao consumidor”, declara o professor.
Excelência em produtos do campo à mesa

A pesquisadora da Embrapa Arroz e Feijão foi uma das idealizadoras da Rede Latino-Americana de Qualidade de Arroz. Ela conta que a ideia surgiu de sua participação em outra iniciativa semelhante, a rede de qualidade do Instituto Internacional do Arroz (IRRI), sediado nas Filipinas.

De acordo com Priscila, a oferta de produtos de qualidade, a partir da cultura do arroz, envolve o trabalho desde o campo até a transformação dos grãos pela indústria de alimentos. “A rede pode atuar em diferentes etapas de produção, porque a escolha da cultivar, o manejo da lavoura, o armazenamento e o beneficiamento, por exemplo, podem interferir na qualidade final dos produtos”, afirma.

Ainda segundo a pesquisadora, a qualidade pode ser também estudada a partir de como determinado país ou nicho de mercado consumidor valoriza o grão em sua cultura. Devem ser considerados também os tipos especiais de grãos com propriedades culinárias, sensoriais, nutricionais e funcionais peculiares, como arroz preto, vermelho, arbóreo e aromático. Complementarmente, outra possibilidade é o desenvolvimento de produtos diferenciados, sem glúten, como massas e biscoitos derivados da farinha de arroz.

“Nós temos cultivares de grãos especiais sendo lançadas, mas muito pouco exploradas em termos nutricionais e funcionais. Precisamos incentivar pesquisas que busquem novos usos, formas de preparo e possibilidades de aproveitamento industrial do cereal em farinhas e extrusados que sejam saudáveis. O arroz oferece diferentes possibilidades e estamos apenas engatinhando nesse mercado no Brasil”, considera Priscila.

Priscila avalia que, de forma geral, a rede pode estimular a disputa entre empresas pelo mercado latino-americano de arroz. Como o foco do trabalho é beneficiar o consumidor com cultivares de qualidade, as necessidades de determinada localidade podem ajudar na seleção e ditar a aptidão ou a demanda por produtos, abrindo um leque de opções para a concorrência e para o aproveitamento de nichos de mercado. “Essa diversificação é uma oportunidade para aqueles que quiserem produzir com excelência e o consumidor final só terá vantagens, com acesso à informação sobre os produtos e muitas opções para variar seu cardápio e alcançar suas metas de nutrição e saúde”, destaca.

Desenvolvimento de mercado

Um dos participantes da rede, o CEO da S21 Solutions, Alberto Takeshi, espera que a iniciativa se transforme em referência de qualidade e fonte de consulta profissional, além de orientar ações voltadas para a melhoria do produto. “Meu desejo é compartilhar minha experiência acumulada e também aprender com os especialistas do grupo”, diz. Takeshi trabalha há mais de uma década no ramo de Análise Digital Física de Arroz, aplicada ao rendimento industrial do grão. Ele possui interlocução com indústrias arrozeiras para facilitar a tarefa de padronização oficial de classificação do grão no beneficiamento.

Já Giovani Albuquerque, gerente de vendas da Corteva Agriscience, nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, considera que a rede possui grande aderência à missão da empresa. Ele diz que pretende contribuir com debates sobre agendas estratégicas da cadeia do arroz e desenvolvimento do mercado.