Dia da Cachaça: O papel dos Profissionais da Química na produção de uma das bebidas mais consumidas no Brasil e no mundo
Bebida alcoólica genuinamente brasileira e a segunda mais consumida no país, perdendo apenas para a cerveja, a cachaça ganhou uma efeméride para ter seu reconhecimento e importância no mercado nacional ainda mais valorizado: 13 de setembro. É a terceira mais consumida no mundo, perdendo apenas para a vodca (de origem russa) e o soju (de origem coreana).
O Dia da Cachaça foi instituído em 2009 por iniciativa do Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC). Mas uma proposta de Projeto de Lei para oficializar a data, já aprovada pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte, está tramitando no Senado Federal. A data foi escolhida porque foi neste dia, em 1661, que o produto obteve a liberação de fabricação e venda no Brasil, após manifestações populares contra as imposições da coroa portuguesa, conhecida como “Revolta da Cachaça”.
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), cachaça é a aguardente produzida no Brasil que utiliza a cana-de-açúcar como matéria-prima, apresenta graduação alcoólica de 38% a 48% em volume, a 20° C, e pode ter açúcares adicionados. Do ponto de vista químico, essa bebida pode conter mais de 300 substâncias, das quais cerca de 98% são água e etanol, e o restante são compostos secundários, responsáveis por suas características sensoriais, como cor, aroma, sabor, textura e aparência.
Química da cachaça
Como toda bebida alcoólica, a cachaça necessita passar por diferentes operações unitárias e reações químicas dirigidas para ser produzida. Além disso, os seus padrões de identidade e qualidade devem atender às disposições legais, o que exige elevado rigor técnico do responsável. Esse trabalho minucioso e complexo é aplicado até mesmo àquelas artesanais, produzidas em alambiques. Por isso, o Profissional da Química é o mais capacitado para assumir a Responsabilidade Técnica desses empreendimentos, garantindo a qualidade e a segurança da bebida.
O Profissional da Química atua nessa área desde a avaliação das matérias-primas até o controle de qualidade do produto, que envolve diversas análises físico-químicas, como o teor alcoólico (de 38 a 48%), e análises sensoriais. Esse profissional também é o responsável pelo monitoramento do processo de fermentação e de destilação, assim como pelo desenvolvimento de novos produtos.
Notoriedade
A cachaça remonta aos tempos do Brasil Colônia, tendo sido descoberta pelos escravos dos engenhos de açúcar em meados do século XVI. Por muito tempo, foi considerada uma bebida popular e desvalorizada, principalmente pela elite brasileira da época, que preferia vinhos e a chamada bagaceira (aguardente de bagaço de uva), trazidos de Portugal. Com o passar dos anos, porém, essa realidade vem mudando e a cachaça vem ganhando notoriedade em todas as classes sociais, seja na forma pura, misturada em drinques (como a caipirinha) ou envelhecida, nos mais diferentes eventos sociais ou familiares.
Nos últimos anos, diversas instituições têm atuado para garantir o reconhecimento da cachaça no mercado internacional como um destilado genuíno e exclusivo do Brasil, como é o caso dos Estados Unidos, México e Colômbia, que já reconhecem a bebida como um produto brasileiro. Essa atuação, somada aos investimentos em melhoria na qualidade das bebidas, embalagens e no processo de envelhecimento, tem levado à exportação do produto. No ano passado, as exportações do setor deram um salto e bateram o recorde dos últimos doze anos.
O valor exportado em 2022 foi de US$ 20,08 milhões, segundo dados do ComexStat (Ministério da Economia), compilados pelo Instituto Brasileiro da Cachaça, o que representa um aumento de 52,8% em relação a 2021. Em volume, o aumento foi de 29,03%, totalizando mais de 9,3 milhões de litros. Os principais países de destino em valor foram Estados Unidos, Alemanha, Portugal, França e Itália.
Ainda de acordo com o IBRAC, o setor gera mais de 600 mil empregos diretos e indiretos e a capacidade instalada de produção de cachaça é de 1,2 bilhão de litros anuais, porém se produz anualmente menos de 800 milhões de litros.
Mercado interno
De acordo com o Anuário da Cachaça 2021, elaborado pelo MAPA, o número de estabelecimentos produtores de cachaça registrados no órgão no referido ano foi de 936, em 611 municípios, o que representa 10,97 % do total de cidades brasileiras. A maior parte permanece concentrada na região Sudeste, com 620, o que representa 66,2% do total no país, seguida de 138 no Sul (14,7%), 130 no Nordeste (13,9%), 39 no Centro-Oeste (4,2%) e 9 na região Norte (1,0%).
Entre os dez estados com o maior número de cachaçarias registradas em 2021, as seis primeiras posições são ocupadas por estados das regiões Sul e Sudeste: Minas Gerais (353), São Paulo (143), Espírito Santo (64), Rio de Janeiro (60), Santa Catarina (56) e Rio Grande do Sul (53). Da sétima à décima posição, respectivamente, ficaram a Paraíba (39), Goiás (31), Paraná (29) e Ceará (24).
Para comercializar a bebida no Brasil, é obrigatório o registro no Ministério da Agricultura, tanto do estabelecimento produtor, estandardizador e engarrafador quanto dos produtos.
Fontes:
Conselho Federal de Química
IBRAC
APEX
MAPA
Agência Brasil
UFPB
EMBRAPA
Educação Pública
SEBRAE
Diário Oficial da União
Senado Federal












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