Medidas simples ajudam a reduzir acidentes e mortes no trânsito

O Brasil registrou uma queda anual de 7% nas mortes por acidentes de trânsito no período entre 2015 e 2019. Em São Paulo a redução foi 11% no primeiro semestre

Curitiba, outubro de 2020 - Obedecer o limite de velocidade, ceder espaço a pedestres e ciclistas, usar cinto de segurança, não dirigir embriagados e usar cadeirinhas adequadas para crianças pode ter um impacto poderoso na mudança do comportamento dos motoristas, segundo relatório do WRI Ross Center for Sustainable Cities e pelo Banco Mundial. São algumas recomendações simples que podem fazer a diferença para um trânsito mais seguro para todos.
Segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), o Brasil registrou uma queda anual de 7% nas mortes por acidentes de trânsito no período entre 2015 e 2019. Os dados são do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS), que mostrou uma redução de 43 mil para 30 mil mortes por ano, o que demonstra a importância da conscientização dos condutores no país, para o cumprimento das medidas de segurança. Além disso, o Congresso Nacional tem promovido alterações no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) visando a educação e o maior rigor na legislação de trânsito. O conjunto desses fatores tem contribuído para a segurança dos pedestres, motociclistas e demais condutores, diminuindo a ocorrência de acidentes e, consequentemente, do número de mortes e lesões no trânsito.
Uma das medidas mais eficazes é o controle da velocidade, que segundo a WRI, têm um impacto significativo na probabilidade e na gravidade de uma colisão. Estudos mostram que, para cada aumento de 1% na velocidade, há um aumento de 4% nos acidentes fatais.
Aureliano Caron, advogado da Consilux, empresa especializada em gestão e segurança no trânsito, diz que reduzir os acidentes no trânsito é missão de dever de todos. “Diminuir os acidentes de trânsito é salvar vidas. Isso passa por controlar a velocidade nas vias, mas, também, conscientizar os condutores de que é preciso seguir e respeitar as leis de trânsito”, comenta.
Neste ano, uma importante redução no número de acidentes foi registrada no Estado de São Paulo. De janeiro a junho ocorreram 2.321 óbitos em acidentes de trânsito, redução de 11% na comparação com o mesmo período de 2019. É o menor número de mortes em um semestre desde o início da série histórica, em 2015. Acidentes com vítimas, que incluem também ocorrências não fatais, recuaram 16%. Foram 76,3 mil acidentes em 2020, e 91,9 mil acidentes em 2019.
Os acidentes fatais envolvendo ocupantes de automóvel e pedestres tiveram as maiores reduções no semestre. Foram 526 óbitos envolvendo automóveis no primeiro semestre deste ano, contra 637 mortes no mesmo período do ano passado, queda de 17,4%. No modal pedestre, a redução foi de 16,8%, com 564 vítimas neste ano contra 678 em 2019. Já os motociclistas seguem liderando as estatísticas do Infosiga, apesar da redução neste ano. Ao todo, foram 891 mortes neste primeiro semestre contra 916 no primeiro semestre de 2019 (-2,7%).

Ultrapassagens proibidas podem causar mais acidentes neste Natal

No mesmo período de 2018, segundo a PRF, as ultrapassagens perigosas e o excesso de velocidade foram os maiores causadores de acidentes nas estradas

Curitiba, dezembro de 2019 – Quem vai viajar neste feriado de Natal precisa dobrar a atenção para chegar ao destino sem sustos. Nesta época do ano aumenta o volume de veículos e motos nas estradas e alguns cuidados podem salvar vidas, principalmente, usar cinto de segurança e fazer ultrapassagens em segurança e apenas em locais permitidos.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), de 21 a 25 de dezembro de 2018, o órgão registrou mais de 70 flagrantes por hora de condutores fazendo ultrapassagens irregulares em rodovias federais, mais de 70 mil flagrantes de excesso de velocidade e mais de 5 mil condutores trafegando sem cinto de segurança. Essa combinação, nada segura, resultou em mais de 1.400 feridos e 89 mortos.
Um trânsito mais seguro requer a participação de todos. “O bom motorista sabe que o trânsito é um espaço compartilhado por todos e age com gentileza e bom senso. Além disso, sinaliza suas intenções ao utilizar seta nas conversões e ao mudar de pista, o que diminui a possibilidade de acidentes. O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) prevê, em vários artigos diversas infrações relacionadas às ultrapassagens em faixa contínua, em local proibido, pelo acostamento e em vias de mão dupla, algumas, inclusive, enquadradas nas infrações gravíssimas, como é o caso da ultrapassagem forçando a passagem entre veículos - cuja penalidade é de multa (aumentada em dez vezes) e suspensão do direito de dirigir”, comenta Luiz Gustavo Campos, diretor e especialista em trânsito da Perkons. Sempre é importante lembrar que respeitar as leis de trânsito salva vidas.

Motoristas e pedestres reconhecem melhorias no trânsito e diminuição de acidentes depois da instalação de radares

Motoristas e pedestres reconhecem melhorias no trânsito e diminuição de acidentes depois da instalação de radares
Pesquisa mostra que, quando munidos de informação, a percepção da importância dos radares aumenta entre os usuários das vias

Uma pesquisa realizada em oito capitais do Brasil pela Paraná Pesquisa para a Abeetrans (Associação Brasileira das Empresas de Engenharia de Trânsito) durante os meses de junho e julho de 2019, mostra que 79,5% dos brasileiros aprovam o uso de controladores eletrônicos de velocidade.
Realizada com 6.454 pessoas maiores de 18 anos de idade, sendo 3.227 motoristas e 3.227 pedestres, divididos por sexo, faixa etária, grau de escolaridade e posição geográfica, a pesquisa atingiu um grau de confiança de 95% e reforça a importância da informação e da educação para um trânsito mais seguro.
Segundo Sílvio Médici, presidente da Abeetrans, esse retrato das principais capitais do país mostra que a percepção da importância da fiscalização eletrônica de trânsito pode ser afetada pela falta de informação. “Muitos usuários desconhecem que a principal causa de mortes e acidentes nas vias no Brasil é o excesso de velocidade. Mais da metade dos entrevistados desconhecia que 60% dos leitos de UTI são ocupados por vítimas de acidentes de trânsito, e quase 66% não faziam ideia de que foram gastos R$ 3 bilhões nos últimos 10 anos só para atender vítimas de trânsito. Mas, quando são informados disso, a conscientização e a adesão à fiscalização de trânsito muda”, conclui Médici.
Raio-X
A pesquisa de opinião revela que 47,3% dos participantes percebem a diminuição de acidentes e 46,3% melhorias no trânsito depois da instalação de radares. Entre o público feminino a aprovação da fiscalização eletrônica é mais alta, chegando a 81,1% em relação a 69,7% dos homens. Jovens de 18 a 24 anos são os que mais aprovam, representando 80,6%; os de 25 a 34 anos somam 76,6% e os de 34 a 60 anos ou mais ficam empatados com pouco mais de 74% de aprovação.
75,6% do público respondente diz não ter sido multado por radares eletrônicos nos últimos seis meses, e 21,8% acreditam que os maiores beneficiários dos controladores de velocidade sejam os pedestres. Motoristas e pedestres mineiros são os que mais aprovam o uso de radares, com 82,2%, em seguida estão os gaúchos (81,7%), florianopolitanos (76,9%), curitibanos (75,5%), brasilienses (74,7), fortalezenses (74%), paulistanos (73,4%) e cariocas (68,7%).
Conhecimento que salva vidas
A pesquisa mostra ainda que os pedestres e motoristas estão bem informados acerca do trânsito no Brasil. Por exemplo, 80,8% deles sabem que o excesso de velocidade é a maior causa de mortes nas rodovias federais e 57,2% têm conhecimento de que mais de 40 mil pessoas morrem por ano devido aos acidentes de trânsito. Diferentemente, eles têm pouco conhecimento sobre o funcionamento do monitoramento eletrônico de velocidade. Quando questionados sobre quem fica com o dinheiro das multas 71% respondeu não saber que não são as empresas fabricantes de radares.
Após serem informados, entre outros dados referentes ao trânsito, de que os fabricantes de radares recebem pelo aluguel dos equipamentos e não pelas multas emitidas, a aprovação aos controles eletrônicos de velocidade cresceu entre motoristas e pedestres, e apenas 17,6% se declararam contra o uso.
Luiz Gustavo Campos, diretor e especialista em trânsito da Perkons, reforça que a fiscalização eletrônica, assim como educação para o trânsito – que inclui informação, campanhas periódicas e um canal aberto com a sociedade - é um importante instrumento de segurança e cidadania. “Essas tecnologias de trânsito auxiliam órgãos e gestores públicos a pensarem e gerirem mobilidade urbana, além de ajudarem a conscientizar motoristas em relação ao cumprimento das regras e leis de trânsito, com o objetivo único de tornar vias públicas lugares mais humanos, seguros e democráticos”, destaca.
Esses e outros dados podem ser conferidos na pesquisa, que está disponível na íntegra, clicando aqui.