ACBH Do campo à mesa: Agricultores se reinventam e encontram novas formas de chegar ao consumidor durante pandemia

Entrega em domicílio, marketing digital e aproveitamento integral dos produtos foram alternativas encontradas para inovar; orgânicos cresceram 30% no período

Com o vai e vem no funcionamento de restaurantes e feiras, muitos produtores rurais precisaram encontrar uma forma de, literalmente, chegar diretamente ao consumidor na pandemia. Um formato de trabalho que antes ficava restrito às pequenas cidades tomou conta da rotina de quem precisava sobreviver nesse período. É o caso das irmãs Christina e Rolinda Salomons, que atuam no setor de hortaliças em Castro (PR). Há três anos, elas distribuem alface, beterraba, brócolis, couve, cebolinha, salsão e outros alimentos pela região dos Campos Gerais. Com a interrupção das atividades dos clientes maiores em vários momentos, foram os pequenos consumidores que mantiveram o negócio vivo.

E para auxiliar no crescimento das vendas, Christina e Rolinda também mudaram a forma de produzir as hortaliças. “Aumentamos a produção e começamos a investir em diferentes variedades de hortaliças para atender às necessidades dos nossos clientes. Criamos assim, formas diferenciadas de aproveitamento de todos os vegetais que produzimos”, conta Rolinda.

As hortaliças produzidas pelas irmãs são naturais, sem agrotóxicos, o que faz com que tenham um diferencial ainda mais valorizado pelos clientes. “As pessoas estão procurando muito por produtos 100% naturais, o que nos motiva ainda mais a produzir hortaliças de boa qualidade e nos incentiva na produção de variedades diferentes”, salienta.

Como as produtoras já faziam entregas por delivery, as mudanças com a pandemia foram em relação ao uso de máscara, luva e pagamentos feitos por transferência bancária para garantir a segurança delas e dos clientes. Elas contam que os aprendizados nesse período foram muitos, como a busca pela criatividade no empreendedorismo e também a importância do uso das redes sociais. “Percebemos que temos que estar sempre procurando coisas novas, sendo criativas. Com certeza devemos saber o que o nosso cliente gosta, procura e necessita, e assim produzir hortaliças que os agradem”, destaca.

Hortaliças e orgânicos em alta

De acordo com o levantamento da Associação de Promoção dos Orgânicos, o setor registrou uma alta nas vendas de 30% em 2020, movimentando R$ 5,8 milhões. Além do aumento da produtividade, novas unidades orgânicas foram cadastradas pelo Ministério da Agricultura, com um crescimento de 5,4%. A produção de hortaliças, tanto orgânicas quanto tradicionais, ficam geralmente com pequenos produtores, em terrenos de no máximo 10 hectares, que são responsáveis por 60 a 70% da produção nacional nos cinturões verdes das cidades.

Na região dos Campos Gerais, o aumento no interesse levou otimismo para a economia local. “Temos muitos imigrantes e descendentes de holandeses que optaram por atividades relacionadas ao plantio de hortaliças na nossa região, por isso, ver o crescimento desse mercado nos traz esperança de que a atividade seja cada vez mais valorizada e também traga protagonismo aos nossos colegas e vizinhos que trabalham na área”, ressalta Willem Kiewiet, tesoureiro da Associação Cultural Brasil-Holanda.

Reinvenção em meio à pandemia

Ainda dentro da agricultura, mas da produção de cogumelos, a fungicultora Caroline Boff, de Arapoti (PR), precisou se reinventar. A jovem de 24 anos começou a produção em 2017 com objetivo de gerar uma renda extra para a família e conciliar a agricultura e a maternidade. “Eu sempre gostei de agricultura, principalmente da parte ecológica, onde os cogumelos se encaixam perfeitamente, pois são alimentos extremamente nutritivos produzidos a partir de resíduos da agricultura convencional, além de serem saborosos e exóticos”, explica a empreendedora.

De acordo com Caroline, no começo das restrições para conter o avanço da Covid-19, as vendas estavam estáveis, mas, com o tempo, foram diminuindo bastante. “Por esse motivo, optei por mais variedades e não quantidade. O mais difícil mesmo foi lidar com o mercado, pois quem perde sempre é o produtor. Para não perder o cliente temos que reduzir os preços, porém os custos da matéria-prima aumentaram, então a conta não fecha”, diz.

Dessa maneira, a jovem começou a fazer cursos e buscou aprender mais sobre empreendedorismo. “Conheci novas pessoas, aumentei minha rede de apoio, de conhecimento e me renovei mesmo”, afirma. Caroline conta que estudou sobre startups, sistemas de entrega de produtos e marketing digital. Com isso, ela adaptou a produção para atender melhor os clientes. “No momento estou com um projeto encaminhado de industrialização de cogumelos para não depender mais tanto do produto in natura, que acaba sendo uma corrida contra o tempo pra não perder a qualidade”, comenta.

Ela destaca que, com as mudanças, teve a oportunidade de aprender muito e acredita que essas transformações ajudaram o negócio a crescer. "Eu acredito que os resultados de todo esforço e aprendizado serão gloriosos quando tudo isso acabar”, finaliza.

Sobre a ACBH

A Associação Cultural Brasil-Holanda (ACBH) é uma organização formada por holandeses e descendentes de holandeses no Brasil, oriundos de diversas colônias. Visa preservar o patrimônio histórico artístico e cultural holandês e brasileiro para a posteridade. Também quer incentivar, desenvolver e divulgar as várias formas de expressão cultural. Mais informações: https://www.acbh.com.br/

Mercado de plantas registra aumento de vendas durante pandemia e prevê crescimento para 2021

Hábito tradicional na Europa, cultivo de flores foi adotado por brasileiros como hobby para enfrentar longo período em casa

Florir a casa e cuidar das plantas foi um hábito que muitos brasileiros adotaram em 2020 como uma válvula de escape para o estresse e a ansiedade gerados pela pandemia. Mesmo as plantas verdes, aquelas que não possuem flores, também ganharam espaço nos lares. De acordo com o Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), alguns produtores chegaram a registrar aumento de até 20% nos negócios desse setor.

Enquanto no Brasil esse hábito está chegando agora, na Europa, a prática é comum e já faz parte do dia a dia das pessoas desde muito antes da chegada da Covid-19. Para Olga Jaqueline Los Kassies, descendente de holandeses e produtora de flores na região dos Campos Gerais, no Paraná, há 25 anos, esse costume é rotineiro e faz parte da cultura e criação dos europeus. “As flores fazem parte da cultura holandesa, diria até que o cultivo delas em grande escala ou até mesmo em casa, é uma paixão. Após o período do inverno, as pessoas querem florir seus jardins com cores trazendo vida e alegria”, conta.

Mercado

A chegada da pandemia afetou diretamente o setor de flores. Para Olga, que cultiva gypsophila, o conhecido mosquitinho, e também boca de leão, a saída foi investir na criatividade. “A gypsophila ainda consigo fornecer para floriculturas que colocam em buquês, mas a boca de leão é mais complicada porque é usada basicamente em casamentos e formaturas, que estão suspensos. Para manter as vendas, eu decidi arriscar e colocar o produto com preço de atacado direto para o consumidor em formato de autoatendimento em alguns estabelecimentos da região, como posto de gasolina e supermercado”, conta.

Porém, segundo o Ibraflor, com a mudança no perfil de vendas, agora voltadas para a ornamentação das casas, e os novos formatos de compra, como o delivery, o setor deve ser impulsionado para um crescimento de 5% em 2021. Atualmente, a área conta com 8,2 mil produtores, aproximadamente 15 mil hectares de área cultivada e mais de três mil variedades produzidas no Brasil.

Dia Nacional da Tulipa

Para os holandeses, o mês de janeiro é época de comemorar o Dia Nacional da Tulipa, celebrado no terceiro sábado do mês, quando começa a colheita. Para a coordenadora do Global Integration da Associação Cultural Brasil Holanda, Marina van der Vinne, a data colore a cultura do país. “Quando pensamos nos Países Baixos, é natural imaginarmos as cores vivas dos campos de tulipas, o país é marcado por essa imagem e, neste período em que estamos em casa, trazer essa alegria para dentro dos lares é ainda mais importante”, explica.

Para a arquiteta Rozilani Karas Basso, que visitou os campos de tulipas holandeses, a experiência foi marcante. “A cultura holandesa e todo o seu cuidado com a cidade já são impressionantes, mas a cor e beleza das flores é ainda mais impactante para nós, que não temos esse hábito no Brasil”, ressalta.

Na Holanda, o melhor período para visitar e conhecer os campos floridos é na primavera, estação que se estende até o fim de junho.

Sobre a ACBH

A Associação Cultural Brasil-Holanda (ACBH) é uma organização formada por holandeses e descendentes de holandeses no Brasil, oriundos de diversas colônias. Visa preservar o patrimônio histórico artístico e cultural holandês e brasileiro para a posteridade. Também quer incentivar, desenvolver e divulgar as várias formas de expressão cultural. Mais informações: https://www.acbh.com.br/.

Pepernoten: o biscoito que inunda a Holanda próximo ao Natal

Pepernoten: o biscoito que inunda a Holanda próximo ao Natal

Receita é tradição na noite mais esperada do ano pelas crianças

O início de dezembro marca um período muito especial para a cultura holandesa. A celebração Sinterklaas (São Nicolau), que começa em novembro, dura semanas e termina na Pakjesavond, dia 5 de dezembro, com a noite dos presentes, marca o final de ano holandês. O auge dessa celebração é marcado pela presença do Sint, que, vestido de vermelho, com seu cavalo branco chamado de Amerigo, visita as criancinhas comportadas para deixar um presente.

Para dar início à mais importante tradição holandesa, São Nicolau chega ao país em um navio a vapor vindo da Espanha. A celebração exige uma grande preparação, pois o Sint é recebido no porto e, acompanhado de seus Pieten, vai até uma cidade na Holanda, anteriormente escolhida. O evento é nacional e atrai multidões, sendo televisionado ao vivo.

O Sint é recebido pelo prefeito da cidade e, durante um desfile pelo local, os Zwarte Pieten distribuem biscoitinhos e um mix de docinhos típicos da época para as crianças. Ao longo de todo o período da festividade, os Pieten distribuem todas as noites schoencadeautjes, que são os “presentinhos do sapato” nas casas.

O Natal, como os brasileiros conhecem, também é comemorado na Holanda. Porém, depois de tanta festividade, a data tem uma conotação mais espiritual e familiar.

Da Holanda para o Brasil

Moradora de Arapoti, região em que a cultura holandesa predomina, Femmy de Groot afirma que a comemoração da data se mantém em sua casa até os dias de hoje. “Nós comemoramos sempre o dia 5 de dezembro, aniversário de Sinterklaas. Nesse dia, crianças menores ganham presentes e os adultos preparam os pepernoten em suas próprias casas”, diz.

“Os pepernoten, também conhecidos como kruidnoten, são bolachas pequenas feitas com um pouco de pimenta, servidas no período anterior e durante as celebrações de Sinterklaas na Holanda, assim como em outros lugares onde a festa típica acontece, como nas colônias holandesas”, conta a coordenadora da Associação Cultural Brasil Holanda, Marina van der Vinne. A denominação Pepernoten pode ser traduzida como "noz apimentada", a palavra 'peper' significa pimenta, porque algumas receitas usam esse ingrediente, mas a maioria usa principalmente especiarias conhecidas como ‘speculaaskruiden’. Os pepernoten têm um tamanho parecido com uma noz ('noot' significa noz em neerlandês).

“Com o passar do tempo, a receita foi ganhando adaptações, de acordo com os gostos e ingredientes utilizados por cada família”, comenta Cleonir Vitorio Ongaratto, coordenador de negócios do moinho da Herança Holandesa que tem uma receita tradicional do pepernoten, para quem quiser experimentar fazer em casa.

Ingredientes:

2 xícaras de farinha de trigo Herança Holandesa
1 colher de chá de fermento em pó
2 colheres de chá de canela em pó
1 colher de chá de cravo em pó
1/2 colher de chá de gengibre em pó
1 colher de pimenta
2 colheres de manteiga
1 xícara de açúcar mascavo
50 gramas de schenkstroop- pode ser substituído por melado
1 colher de sal
Modo de preparo:

Misture a farinha, o fermento e as especiarias numa tigela. Em uma panela, derreta a manteiga com o açúcar mascavo, o mel e o sal, e mexa até que a manteiga esteja derretida e bem incorporada.

Junte a mistura de farinha com a manteiga derretida e mexa bem até formar uma massa macia. Deixe esfriar num lugar fresco por 2 horas.

Pré-aqueça o forno em 180 °C. Faça rolos com a massa de 0,5 cm de espessura e fatie, produzindo os mini cookies.

Distribua-os numa forma forrada com papel manteiga e leve ao forno por aproximadamente 15 minutos, posicionando a forma no meio do forno. Tire do forno e deixe-os esfriar sobre uma grade.

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A Associação Cultural Brasil-Holanda (ACBH) é uma organização formada por holandeses e descendentes de holandeses no Brasil, oriundos de diversas colônias. Visa preservar o patrimônio histórico artístico e cultural holandês e brasileiro para a posteridade. Também quer incentivar, desenvolver e divulgar as várias formas de expressão cultural. Mais informações: https://www.acbh.com.br/